Os Estados Unidos dizem que um foguete chinês pode cair na Terra neste fim de semana tem risco de atingir áreas habitadas e acusou Pequim de negligência. Já as autoridades chinesas negam.
Com efeito, a China disse nesta sexta-feira que o risco de danos causados por um foguete caindo na Terra é “extremamente baixo”, depois que os Estados Unidos alertaram que ele poderia cair em uma área habitada.
Especialistas militares norte-americanos esperam que o corpo do foguete 5B Longa Marcha, que se separou da estação espacial de Pequim, caia por volta de sábado ou domingo, mas alertaram que é difícil prever exatamente onde e quando cairá.
A previsão é que a reentrada do foguete ocorra entre as latitudes 41°N e 41°S, o que coloca o Brasil na área de risco.
Pequim minimizou o risco.
“A probabilidade de causar danos às atividades da aviação ou (em pessoas e atividades) em terra é extremamente baixa”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.
A maioria dos componentes do foguete provavelmente será destruída na reentrada na atmosfera, acrescentou ele, dizendo que as autoridades “informarão o público sobre a situação em tempo hábil”.
A China despejou bilhões de dólares na exploração do espaço em esforços para refletir sua crescente estatura global e crescente poder tecnológico, seguindo os passos dos Estados Unidos, Rússia e Europa.
Enquanto a especulação sobre a trajetória do foguete de volta à Terra se espalha pelas redes sociais, o secretário de Defesa de Washington, Lloyd Austin, disseque os militares dos Estados Unidos não tinham planos de derrubá-lo.
“Temos a capacidade de fazer muitas coisas, mas não temos um plano para derrubá-la”, disse Austin aos jornalistas.
Esperançosamente, disse ele, o foguete cairá “em um lugar onde não fará mal a ninguém … o oceano, ou algum lugar assim”.
Mesmo que o foguete ou partes dele caiam do céu, sem quebrar na reentrada, há uma boa chance de que ele caia no oceano, uma vez que o planeta é composto de 70% de água.
Austin sugeriu que os chineses foram negligentes em deixar o corpo do foguete sair de órbita, dizendo que aqueles que estavam no “domínio espacial” deveriam “operar de maneira segura e cuidadosa”.
Foguete chinês e a nova corrida espacial
O espaço se tornou o mais recente teatro da rivalidade entre a China e os Estados Unidos. O lançamento do primeiro módulo chinês de sua estação espacial “Heavenly Palace” em abril – abrigando equipamentos de suporte de vida e um espaço para astronautas – foi um marco no ambicioso plano de Pequim de estabelecer uma presença humana permanente no espaço.
O presidente Xi Jinping considerou isso um passo fundamental na “construção de uma grande nação de ciência e tecnologia”.
Com a aposentadoria da Estação Espacial Internacional após 2024, a China pode se tornar a única estação espacial na órbita da Terra.
Embora as autoridades espaciais chinesas tenham dito que estão abertas à colaboração estrangeira, o escopo dessa cooperação ainda não está claro.
A Agência Espacial Européia enviou astronautas à China para receber treinamento a fim de estarem prontos para trabalhar dentro da estação espacial chinesa assim que ela for lançada.
A China também disse em março que estava planejando construir uma estação espacial lunar separada com a Rússia.
A instalação, planejada para a superfície ou na órbita da Lua, abrigaria instalações de pesquisa experimental e seria o maior projeto de cooperação espacial internacional de Pequim até hoje.
E não é a primeira vez que a China perde o controle de uma nave espacial quando ela retorna à Terra. O laboratório espacial Tiangong-1 se desintegrou ao retornar à atmosfera em 2018, dois anos depois de ter parado de funcionar, embora as autoridades chinesas negassem ter perdido o controle da nave.