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Abril de forte estiagem no Rio Grande do Sul teve o predomínio do sol, escassos dias de chuva e os menores volumes de precipitação no mês em décadas em diversas cidades gaúchas. | Fabian Ribeiro

O mês chega ao fim como um abril que vai para a história como um dos mais secos em décadas e que traz estiagem no Rio Grande do Sul. 

Com efeito, o fenômeno climático La Niña que tem deixado a chuva irregular e mal distribuída no Rio Grande do Sul desde a primavera de 2020 está praticamente no fim, contudo ainda teve papel importante na quantidade e distribuição da precipitação nas últimas semanas. 

A MetSul Meteorologia fez um levantamento exclusivo usando dados de precipitação mensal das estações convencionais e automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia para avaliar os baixos níveis de chuva em abril. 

À primeira vista, observou-se que os acumulados ficaram abaixo de 50 mm na grande maioria das regiões em abril de 2021.


Dentro deste contexto, acumulado mensal acima de 100 mm ocorreu apenas em Santiago e em Torres, dos quais boa pare se deu em apenas um dia como resultado de um evento extremo e isolado de precipitação.

O MAPA DA ESTIAGEM

Antes de mais nada, na grande maioria das regiões, independente do volume mensal, a chuva em abril ocorreu em poucos dias com a predominância de dias de tempo seco. 

A cidade de Rio Pardo teve o menor acumulado mensal com apenas 8 mm, seguido de Passo Fundo com 10,8 mm e Caxias do Sul com 13,6 mm.

Em Campo Bom, o acumulado mensal de abril foi de 20,8 mm o que corresponde a apenas 15% da média histórica. Com essa marca, abril de 2021 é o mais seco dos últimos 37 anos superando, inclusive o seco abril de 2020 que teve 22,6 mm.

Em Passo Fundo choveu apenas 10,8 mm no mês inteiro, volume que corresponde a 10% da média histórica de abril. Este foi o terceiro abril mais seco desde a década de 60 e o menor acumulado mensal em abril desde 1988, ou seja, dos últimos 33 anos.

Em Santa Maria, a chuva foi escassa também com registro de apenas 14,9 mm o que corresponde a míseros 8% da média histórica do mês de abril. Este é o terceiro mês abril mais seco desde 1961. Antes disso, abril de 1974 teve 13,5mm e em 1988 choveu 14 mm o mês todo. Foi, assim, o abril mais seco dos últimos 33 anos na cidade do Centro do Estado. 

Já em Caxias do Sul o acumulado de abril corresponde a apenas 9% da média histórica e este foi o mês de abril mais seco desde 1991, ou seja, o mês de abril com menor volume de precipitação dos últimos 30 anos.

Em Rio Pardo choveu apenas 8 mm em todo o mês de abril até agora. Esse é menor volume no mês desde o ano de 2006, quando da abertura da estação meteorológica, ou seja, há ao menos 15 anos não chovia tão pouco em um mês de abril.

Em Porto Alegre, por sua vez, o acumulado mensal foi de 26,2 mm em 2021, o terceiro abril mais seco desde 1961. Importante ressaltar que boa parte deste acumulado se deu entre os dias 25 e 26, ou seja, foi quase um mês inteiro sem chuva na Capital. É o terceiro mês consecutivo de chuva abaixo da media histórica em 2021 e o 5° mais seco desde a década 1960.

Em Canela choveu apenas 18% do normal para o mês, cujo acumulado mensal é o menor desde 2009, ou seja, abril mais seco da ultima década.

Em Lagoa Vermelha, o volume de chuva registrado representou apenas 10% da média histórico e é o menor em um abril de abril desde 2009.

FOGO E FALTA DE ÁGUA

Como resultado da escassez de chuva o nível dos rios no Estado estão em baixa. Um exemplo disso é o nível do Guaíba no Cais do Porto, que tem como média mensal em abril 0,80 m, e que entre os dias 08,11e 24 deste mês alcançou a cota de apenas 0,30 m por conta da pouca chuva em seus afluentes na Metade Norte do Estado. Na medição do dia 29 estava em 0,69 m, parte por consequencia da influência do vento Sul que acaba gerando represamento e eleva o nível do rio.

A falta de chuva e umidade baixa deixaram o ar e a vegetação mais secos em abril com maior potencial de queimadas. Em razão disso, o número de queimadas aumentou bastante em abril em comparação a meses anteriores. 

Aliás, este é o mês com maior número de incêndios de 2021. Desde o dia 1° até o dia 27 foram observados 191 focos registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais enquanto que março teve 91 focos, fevereiro 49 e janeiro 54. 

Por outro lado, se compararmos o total de focos de incêndios desde o dia 1° de janeiro até agora no Rio Grande do Sul com o mesmo período de 2020 houve uma redução de 49%.

Em 2021 são 385 focos enquanto em 2020 foram 762 em razão do verão mais seco no ano passado.

2020 X 2021

Como se compara a situação atual com a do ano passado que foi de forte a severa estiagem?

A situação de estiagem nesta época do ano era muito pior em 2020 que agora mesmo abril de 2021 tendo sido mais seco.

Isso porque os meses precedentes a abril em 2019/2020 foram muito mais secos que quem 2020/2022 gerando um estoque de déficit hídrico muito maior.

Risco de seca no final de abril de 2020 | NOAA

Risco de seca no final de abril de 2021 | NOAA

Por fim, a situação de mananciais e de abastecimento de água humano e animal hoje não é tão grave quanto no fim de abril de 2020, apesar de ter se deteriorado nas últimas semanas. 

Será necessário chover muito, portanto, em maio para que o outono de 2021 não termine sem déficit hídrico expressivo no Rio Grande do Sul.

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