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El Niño ganha força e atingirá forte intensidade nesta primavera | NASA

O Rio Grande do Sul teve dois eventos extremos durante o inverno com o ciclone extratropical na costa do Litoral Norte na metade de junho, que deixou 16 mortos, e um segundo ciclone no começo da segunda quinzena de julho, com saldo de oito mortes, sendo cinco aqui no estado. Os episódios trouxeram chuva excessiva, enchentes e vento que passou de 150 km/h, no caso do sistema de julho.

Ciclone fazem parte da climatologia normal do inverno e ocorrem todos os anos, haja El Niño ou não. A intensidade e o posicionamento dos ciclones é que fugiram ao convencional, o que explica impactos que foram tão graves. É difícil, contudo, separar os dois episódios do que se denomina de variabilidade natural do clima.

O episódio de chuva deste começo de setembro, reiteradamente alertado pela MetSul Meteorologia é o terceiro grande evento extremo deste inverno. Episódios de chuva extrema em setembro são normais, não á toa o folclore da Enchente de São Miguel, e se dão com ou sem El Niño.

Este episódio de chuva muito intensa, entretanto, não será o único deste mês. Haverá novos eventos de chuva muito volumosa no estado neste mês que recém se inicia. Um segundo já deve ser esperado na segunda metade desta semana com a formação de uma frente quente no Sul gaúcho que depois avançará como frente fria, gerando mais chuva volumosa. Dados já indicam um terceiro evento de chuva volumosa no Rio Grande do Sul na semana que vem, entre os dias 12 e 13.

É esta sequência de eventos de chuva volumosa e excessiva, típica de El Niño, que nos faz crer na MetSul Meteorologia que os efeitos do fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial começaram, na prática, a serem sentidos no Rio Grande do Sul e que recém se está no início de um período meteorológico que se mostrará hiperativo.

O El Niño foi declarado pela Meteorologia do governo dos Estados Unidos (NOAA) em junho, mas os seus efeitos, normalmente, se fazem sentir a partir do fim do inverno e o começo da primavera. É exatamente o que está ocorrendo, uma vez que a circulação global da atmosfera no mundo tarda a responder um pouco às mudanças oceânicas.

Hoje, o aquecimento do Pacífico Equatorial Central está 1,6ºC acima da média. Valor perto da anomalia de temperatura da superfície do mar de 1,7ºC observada na primeira semana do mês de setembro em 2015, quando do Super El Niño daquele ano. Abaixo, porém, do valor da primeira semana de setembro do Super El Niño de 1997 (+2,1ºC), mas acima do observado na primeira semana do mês no Super El Niño de 1982 (+0,6ºC).

A tendência é que o Pacífico siga aquecendo nos próximos três meses, o que vai levar a um evento de El Niño muito forte e que não se descartar possa adentrar a categoria de Super El Niño com anomalias persistentes acima de +2,0ºC no Pacífico Centro-Leste.

Projeção de anomalia de chuva para o Sul do Brasil do North American Multi-Model Ensemble (NMME) no trimestre setembro a novembro | METSUL

O efeito aqui no Rio Grande do Sul, no restante do Sul do Brasil e em países como Argentina e o Uruguai, será muita chuva com altíssima frequência de tempestades nestes últimos meses de 2023, o que vai levar a muitas enchentes e trazer grande impacto econômico e social.

Este setembro, pelo que já choveu e ainda se prevê, pode ser assombrosamente chuvoso no Rio Grande do Sul, na avaliação da MetSul Meteorologia, podendo figurar como um dos mais chuvosos da história gaúcha. Os próximos meses seguirão com chuva acima a muito acima da média com novos extremos de chuva. Os efeitos do El Niño de 2023/2024 recém estão começando aqui no Sul do Brasil e em momento em que o planeta passa por um acelerado aquecimento, em patamares jamais vistos, o que pode agravar ainda mais as consequências.