Moradores de Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana experimentaram uma mudança no gosto e odor da água que sai em suas torneiras. Este é um problema que, em regra, ocorre nos meses quentes do verão e sob estiagem, mas dificilmente em maio.
Ontem, o Painel Sensorial da Qualidade do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), de Porto Alegre, identificou a alteração. Análises estão sendo realizadas para identificar a origem do problema. A previsão é que nos próximos dias a situação esteja resolvida.
“Neste período do ano não é comum contarmos com essas reclamações da qualidade da água. Acreditamos que, devido às expressivas chuvas dos últimos dias, matéria orgânica dos afluentes do Guaíba foi arrastada, contribuindo para a presença de gosto e odor”, explica o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss.
De janeiro até agora, é a primeira ocorrência de reclamação deste tipo, conforme o órgão de Porto Alegre. Desde a percepção na alteração da qualidade da água bruta, o Dmae já aumentou a dose do dióxido de cloro, em um processo que elimina o risco de contaminação e atende aos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Assim, a água é segura para o consumo humano.
São realizadas mais de duas mil análises da água por dia em Porto Alegre. Há também as amostras que são coletadas diretamente nos hidrômetros dos usuários e em nichos de amostragens, totalizando mais de 350 pontos de monitoramento diariamente.
Conforme análise da MetSul Meteorologia, a explicação do DMAE está correta. “Abril foi o mês com menos chuva até agora neste ano na região metropolitana de Porto Alegre e, por isso, o que não ocorreu com a água distribuída no verão mesmo com a estiagem acabou sendo observado agora em maio”, explica a meteorologista.
A especialista da MetSul destaca que o abril muito seco e de temperatura acima da média, contribuiu, com as águas paradas, para a presença de maior quantidade de material orgânico nos rios que desembocam no Guaíba, notadamente Sinos e Gravataí que têm mais altos índices de poluentes.
Isso ajuda a explicar, segundo a meteorologista da MetSul, porque a alteração foi observada inicialmente em Porto Alegre em pontos de captação da zona Norte da cidade, por onde justamente chegam ao Guaíba as águas do Sinos e Gravataí assim como em cidade como Canoas e Alvorada. “A chuva dos últimos dias contribuiu para carregar todo esse material orgânico destes rios para o Guaíba e foi muita água que caiu”, destaca a meteorologista da MetSul.
Conforme Estael, em Porto Alegre, os acumulados na primeira semana de maio foram de 168 mm na zona Sul, 117 mm na zona Norte, 105 no Centro e 102 mm no Jardim Botânico. Já na Grande Porto Alegre choveu 165 mm Campo Bom, 132 mm em Canoas, 126 mm em Gravataí, 118 mm em Novo Hamburgo e 115 mm em São Leopoldo.
Uma vez que tem muita água ainda por chegar das nascentes, afinal o fim de semana foi muito chuvoso e as águas levam dias para percorrer as bacias dos rios até desembocar no Guaíba, a grande vazão levará este material orgânico para a Lagoa dos Patos e em alguns dias o aspecto da água tende a melhorar.