Alberi Dias/Rádio Cultura

O Rio Uruguai na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul está em situação de cheia e alaga áreas ribeirinhas no município de São Borja, fronteira com Santo Tomé, na Argentina. Na manhã de sol deste domingo na cidade do Oeste gaúcho, as águas do Rio Uruguai invadiam o cais do porto de São Borja e outros pontos próximos ao curso do rio.

Dados da Prefeitura Naval da Argentina indicavam no final da manhã deste domingo que o nível do Uruguai em Santo Tomé e São Borja estava em 8,31 metros e subindo ao meio-dia. Á meia-noite, a régua eletrônica tinha indicado 7,78 metros e ontem ao meio-dia, 24 horas atrás, a medição era de 7,02 metros. O nível do Uruguai em Santo Tomé é o mais alto em mais de um ano. O maior nos últimos doze meses tinha sido de 6,97 metros em 4 de fevereiro.

A tendência é o Rio Uruguai seguir subindo ao longo da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, uma vez que o nível ainda se eleva em Porto Xavier, no Noroeste gaúcho. Na régua da Prefeitura Naval da Argentina em Puerto San Javier, o nível ao meio-dia deste domingo era de 5,72 metros contra 5,33 metros à meia-noite e 5,10 metros ontem ao meio-dia. É o mais alto nível do Uruguai na localidade em doze meses.

Alberi Dias/Rádio Cultura

A cheia do Uruguai se deve aos altos volumes de chuva das últimas duas a três semanas no Noroeste e no Norte gaúcho assim como no Oeste catarinense e região de divisa com o Rio Grande do Sul, além das precipitações nos contribuintes de Misiones, na Argentina. A vazão da parte superior da bacia agora escoa para o Sul e causa a cheia na Fronteira Oeste. Por isso, o nível do rio deve subir rapidamente entre Itaqui e Alvear assim como entre Uruguaiana e Paso de los Libres.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia, a precipitação nos últimos 15 dias somou 235 mm em Santo Augusto, 208 mm em Chapecó, 194 mm em Xanxerê e 180 mm em Joaçaba. Já os registros da Epagri-Ciram apontaram nos últimos 15 dias chuva de 236 mm em Alpestre, 226 mm em Itapiranga, 209 mm em Caibi e Concórdia e 198 mm em Nonoai. Ou seja, choveu muito no Noroeste gaúcho, no Médio e Alto Uruguai.

Pode parecer paradoxal ter enchente sob La Niña, mas o que ocorre nada foge ao normal. A MetSul vem destacando por meses que mesmo sob a influência de La Niña podem ocorrer eventos de chuva volumosa e cheias de rios na primavera, o que se deu muitas vezes no passado.

Os meses de setembro e outubro têm uma maior alternância de massas de ar frio e quente que novembro e dezembro, logo são mais propícios ao registro de chuva intensa. Com maior frequência de ar frio, pela fase negativa da Oscilação Antártica, cresce a possibilidade de chuva volumosa em algumas áreas do Sul do Brasil, especialmente entre o Norte gaúcho e o Paraná.