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Uruguaiana está em emergência pela chuva acima de 200 mm das últimas horas que causa alagamentos e inundações na cidade do Oeste gaúcho | PREFEITURA DE URUGUAIANA/DIVULGAÇÃO

Chuva extrema que atinge o Oeste do Rio Grande do Sul levou a Prefeitura de Uruguaiana a decretar situação de emergência neste sábado em consequência da persistente e muito forte precipitação que castiga a localidade pelo segundo dia seguido. Uruguaiana é o município do estado em que mais choveu até agora neste episódio de instabilidade que vai durar quase uma semana.

A chuva excessiva, que caiu por vezes com força torrencial, provocou alagamentos em vários bairros de Uruguaiana. Assentamentos são as áreas mais castigadas pela chuva copiosa. Moradores levantaram os móveis em suas casas a fim de evitar prejuízos com os alagamentos.

Rodovias da região também enfrentam problemas. Trecho da Ponte Internacional, entre Paso de Los Libres (Argentina) e Uruguaiana, restaurado recentemente no lado argentino, acabou tendo o remendo levado pela força da água com o reaparecimento dos buracos na pista.

A chuva extrema que atinge o Oeste do Rio Grande do Sul não surpreende. Há dias, a MetSul Meteorologia vem alertando para chuva excessiva a extrema no estado com os maiores acumulados concentrados do Centro para o Oeste do estado.

Esta zona mais crítica para chuva excessiva a extrema, cujo risco de precipitações por vezes fortes a intensas, permanece até os dias 20 e 21 deste mês, inclui as áreas de Uruguaiana, Santiago, Santa Maria, Júlio de Castilhos, São Gabriel, Rosário do Sul, Tupanciretã, Alegrete, Quaraí, Itaqui e Livramento, dentre outros municípios.

Por que tanta chuva?

Uma massa de ar quente, úmida e extremamente instável que por dias esteve sobre o Sul do Uruguai e a província de Buenos Aires com acumulados de chuva de até 350 mm, o que causou inundações e enchentes nos países vizinhos, se transferiu em parte para o Rio Grande do Sul, dando início a uma longa sequência de dias com muita instabilidade atmosférica e chuva extrema em diferentes pontos.

Mesmo sem calorão em superfície devido à chuva e ao tempo fechado, uma massa de ar quente segue sobre o Rio Grande do Sul. A atmosfera aquecida, com a abundante umidade, favorece instabilidade. | METSUL

Esta massa de ar quente e úmida seguirá atuando no Rio Grande do Sul até quarta-feira, ou seja, a atmosfera seguirá instável e propícia à chuva em todas as regiões, em alguns dias com maior abrangência no estado e em outros menor. Com a atmosfera aquecida e saturada de umidade, novas ocorrências de chuva intensa localizada devem ocorrer. Entre quarta e quinta, uma intensa frente fria vai cruzar pelo estado, trazendo mais chuva forte.

Quanto já choveu

Dados de estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia registraram entre a noite de quinta, quando começou a instabilidade no Oeste, e o final da tarde deste sábado, acumulados de 100 mm a 230 mm em vários pontos do Centro para o Oeste do Rio Grande do Sul.

Os volumes observados neste período foram de 226 mm em Uruguaiana, 151 mm em Quaraí, 148 mm em Alegrete, 111 mm em Tupanciretã, 102 mm em São Vicente do Sul, 97 mm em Santiago, 93 mm em Livramento, 67 mm em São Gabriel, 64 mm em Dom Pedrito, 61 mm em Bagé e 54 mm em Santa Maria.

Já pontos de medição do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) indicaram em 48 horas até o final da tarde deste sábado acumulados de 273 mm em Alegrete, 235 mm em Uruguaiana, 147 mm em Quaraí, 118 mm em Rosário do Sul, 88 mm em Santa Maria e 87 mm em Nova Palma.

Quanto ainda pode chover

Como destacado, uma massa de ar quente e úmido segue favorecendo chuva até o meio da semana e na sequência haverá a passagem de uma frente fria que trará ainda mais chuva para o estado. Como desde o início a MetSul Meteorologia alertou, a soma de muitos dias seguidos de instabilidade favoreceria acumulados excepcionalmente altos.

METSUL

O mapa acima, disponível ao assinante (assine aqui), mostra a projeção de chuva acumulada nos próximos cinco dias, entre 9h deste sábado e 9h da quinta-feira, a partir de dados do modelo meteorológico alemão Icon. Como se observa, de acordo com o modelo, grande parte do Rio Grande do Sul deve ter precipitação perto e acima de 100 mm no período com marcas de 150 mm a 200 mm em diferentes pontos.

Diante do que já choveu e ainda se espera de chuva, estamos revisando para cima os máximos de precipitação projetados. Inicialmente, indicamos os volumes mais extremos entre o Centro o Oeste gaúcho poderiam ficar isoladamente em até 300 mm ou mais. Considerando o que já se precipitou, não descartamos marcas agora em alguns locais do Oeste tão elevadas quanto 400 mm a 500 mm na soma de uma semana até quinta-feira.

Grave risco de inundações e enchentes

É alto o risco de chuva isoladamente forte a torrencial nos próximos dias no Rio Grande do Sul, em qualquer região do estado e inclusive nas áreas que já acumulam volumes excessivos a extremos. Diante deste cenário, reforçamos o alerta de inundações repentinas e enchentes, repetindo as cenas dos meses do segundo semestre do ano passado.

Enfatizamos mais uma vez que o cenário será especialmente crítico em bacias mais do Centro para o Oeste, o que inclui rios como Ibicuí, Santa Maria, Ibirapuitã e Santa Maria, mas outros rios do estado devem ter forte elevação. Para as nascentes dos rios que cortam a Grande Porto Alegre e os vales, embora possam ocorrer volumes localmente altos, não se antecipa cenário com a gravidade sequer parecida com o que se enxerga para o Oeste.

Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água no interior gaúcho. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados por motoristas sob perigo de acidentes fatais.

A instabilidade trará chuva excessiva localizada em curtos períodos, da ordem de 50 mm a 100 mm em menos de três horas, tal como já viu em pontos do Oeste gaúcho ontem e hoje. Isso agrava o risco de alagamentos e inundações repentinas em áreas urbanas e zonas rurais, trazendo prejuízos para moradores. Uma vez que é época de colheita, a chuva excessiva trará impactos para produtores rurais, inclusive com lavouras inundadas, especialmente no Centro e no Oeste do estado.

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