Chuva torrencial com volumes excessivos isolados atingiram no final do domingo e no começo de ontem algumas cidades do Litoral Norte e da área de entorno da Lagoa dos Patos. Em três horas, Torres teve mais da metade da média de chuva do mês. A chuva mais extrema caiu na região a Oeste da Lagoa dos Patos, o que trouxe o bloqueio da BR-116 por alagamento da pista no quilômetro 366, na área de Tapes e Sentinela do Sul (foto abaixo da Rádio Acústica FM). Um carro chegou a sair fora da estrada pela água que, no pico do alagamento, chegou a ter meio metro de altura sobre a pista da estrada. No meio da manhã da segunda, a principal rodovia que liga Porto Alegre ao Sul do Estado teve o trânsito liberado pela Polícia Rodoviária.
Choveu muito em vários municípios da região. Sentinela do Sul registrou inundação e a Prefeitura decretou situação de emergência no município ontem à tarde. Estradas foram alagadas, ruas ficaram debaixo d’água e lavouras foram submersas com danos para a infra-estrutura local e a economia do município (fotos abaixo da Prefeitura Municipal de Sentinela do Sul).
Os volumes foram localmente excessivos no entorno da Lagoa dos Patos, tal como fora advertido pela MetSul. Variaram entre 100 mm e 150 mm em diversos pontos, mas é provável que em alguns locais sem medição a precipitação tenha sido ainda maior, talvez batendo ou superando a casa dos 200 mm. Por isso, houve tantos alagamentos em áreas urbanas e zonas rurais.
Entre os municípios de Lavras do Sul e Bagé, a estrada ficou intransitável pela lama e até ônibus atolaram – Rafael Bordignon
Chuva superior a 100 mm provocou vários pontos de alagamentos na área urbana da cidade de Camaquã – Rádio Acústica FM
Como destaquei ontem nas nossas emissoras parceiras e no boletim aqui no Blog da MetSul Meteorologia, os episódios de chuva forte se concentrariam no Sul e na Metade Leste do Estado, o que ocorreu. As incidências, como previsto, tiveram característica localizada pelo Estado. Em Santa Maria, por exemplo, houve chuva intensa com alagamentos em parte da cidade (foto abaixo por Isaura Potter) enquanto as estações no bairro Camobi quase nada indicaram de precipitação ontem.
Os eventos localizados de chuva volumosa a excessiva em curto período decorreram da atuação de um vórtice ciclônico em níveis médios da atmosfera (ilustração abaixo do campo de vento em 500 hPa do site Earth), e que interagiu com ar quente e úmido sobre a região. Por isso, os altos volumes de chuva não acompanharam nuvens de grande desenvolvimento vertical ou tempestades fortes. O sistema não chegou a configurar ciclone extratropical, como noticiado por parte da imprensa, tanto que na hora que chovia muito no Sul gaúcho, Pelotas tinha 1018 hPa de pressão em superfície. Ademais, o vento seguiu fraco.
O vórtice ciclônico ainda atua em níveis médios e altos da atmosfera sobre o Rio Grande do Sul hoje e, com isso, o tempo não firma no Sul do Brasil. Aqui no Estado, o sol aparece com nuvens na maior parte das cidades durante o dia, mas ocorrem pancadas isoladas de chuva. Já chove de manhã em alguns locais, caso do Extremo Sul gaúcho, mas será da tarde para a noite que as pancadas atingem um maior número de cidades na maioria das regiões gaúchas. Tal como na segunda, a chuva deve ter distribuição bastante irregular com risco de pancadas fortes a torrenciais localizadas. Esquenta mais nesta terça do que ontem e o dia será quente e abafado com máximas de 31ºC a 33ºC no Centro e no Oeste do Estado. Com isso, não se pode afastar o risco de temporais isolados. Na quarta, nebulosidade variável com sol e nuvens à medida que a área de baixa pressão se afasta, mas ainda ocorrem períodos de maior nebulosidade e chuva em várias localidades do Rio Grande do Sul. A temperatura estará menos elevada nesta quarta-feira. Já a quinta e a sexta-feira vão ter tempo mais aberto com sol e calor.