O El Niño está de volta !!! Dados de monitoramento divulgados nesta quarta revelaram que a anomalia positiva de temperatura da superfície do mar na região central do Pacífico Equatorial acaba de atingir os valores característicos do fenômeno e que devem ser confirmados pelo boletim semanal da próxima segunda-feira do NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera) dos Estados Unidos.
Mapa global de anomalia de temperatura da superfície do mar registrado em 26 de junho exibe a “língua” característica de El Niño de águas mais quentes que a média estendendo-se do Pacífico Leste ao Pacífico Central na região equatorial.
A anomalia de temperatura da superfície do mar (TSM) na chamada região Niño 3.4 (Pacífico Central) acaba de atingir +0,7ºC, além do patamar mínimo de +0,5ºC para definição de condições oceânicas de El Niño, confirmando a expectativa da MetSul de uma condição iminente de fase quente no Pacífico. Para que haja, porém, a caracterização de episódio de El Niño, tais condições devem permanecer durante os próximos meses, o que se espera ocorra.
Mapa com as regiões Niño e gráfico com a evolução da anomalia da temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4 (Pacífico Central) nos últimos cinco anos.
Modelos climáticos analisados pela MetSul sinalizam condições Niño no decorrer do segundo semestre. A grande questão pendente é qual vai ser a intensidade do El Niño. A maioria dos modelos projeta um evento fraco, mas a MetSul não afasta um episódio de intensidade moderada, tal como se deu em 2009/2010. Com a PDO (Oscilação Decadal do Pacífico) negativa há 24 meses seguidos, a maior propensão seria para um evento fraco, contudo a fase negativa da PDO não foi fator impeditivo para o Niño moderado de 2009/2010.
Projeção de anomalia de temperatura da superfície do mar para o último trimestre do ano do modelo climático americano
Projeção de anomalia de temperatura da superfície do mar para o último trimestre do ano do modelo climático europeu
A última ocorrência de El Niño foi no segundo semestre de 2009 e no início de 2010. Historicamente, o aquecimento do Pacífico traz aumento da chuva para o Rio Grande do Sul, o que se projeta para as próximas semanas e meses. Na segunda metade de 2009, o Estado foi castigado por muita chuva, enchentes e freqüentes temporais. Com o El Niño, cresce o risco dos gaúchos enfrentarem períodos de chuva em excesso no restante deste ano e parte de 2013.
Capas de jornais do segundo semestre de 2009
Outra conseqüência esperada, sobretudo a partir do fim do inverno e do começo da primavera é um aumento substancial na ocorrência de temporais, alguns de intensidade severa a destrutiva em pontos localizados. Em 2009, última vez que o El Niño atuou na segunda metade do ano, registrou-se o tornado F-4 na fronteira do Brasil com a Argentina, no Oeste de Santa Catarina (Guaraciaba). O Rio Grande do Sul e Santa Catarina ainda sofreram com eventos de chuva intensa e cheias de rios. Clientes da MetSul recebem boletim detalhado sobre os possíveis impactos do El Niño com os mapas de tendências. (Colaborou Alexandre Aguiar com a pesquisa dos jornais)