A imagem do satélite meteorológico GOES-16 da tarde desta quinta-feira é muito interessante. Há várias condições meteorológicas e atmosféricas que chamam a atenção do observador nas imagens geradas pelo GOES-West da NOAA e NASA, como dois furacões em dois oceanos e ainda uma enorme quantidade de fumaça sobre a América do Sul.

Na região da Baja California, no Pacífico do México, pode ser observado o furacão Kay. Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, à medida que o centro de Kay passa pela costa, chuva intensa a extrema pode levar a inundações e deslizamentos de terra na península da Baja California e em parte do Noroeste mexicano. O NHC alerta para inundações repentinas no Sul da Califórnia e no Arizona, nos Estados Unidos, a partir de amanhã em áreas urbanas e rurais.

No outro oceano, no Atlântico, atua o furacão Earl. Embora o centro de Earl deva passar a Sudeste de Bermuda, o Centro Nacional de Furacões em Miami projeta vento com força de tempestade tropical na ilha entre a tarde de hoje e a manhã de sexta-feira. Não se descarta o risco de vento com força de furacão em Bermuda se a trajetória de Earl ficar mais a Oeste que o prognosticado.

Sobre os Estados Unidos, é possível observar um corredor de fumaça avançando de Oeste para Leste em consequência dos incêndios no Oeste do país que foram desencadeados por uma brutal onda de calor que elevou a temperatura a 51ºC em Death Valley e trouxe recorde absoluto de máxima de 46,7ºC em Sacramento, capital da Califórnia.

Na América do Sul, o grande destaque é a grande quantidade de fumaça resultante de fogo na Amazônia brasileira e de países vizinhos. Transportada por uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera, a fumaça desceu até o Paraguai, o Nordeste da Argentina e o Rio Grande do Sul nesta quinta-feira.

O número de focos de calor na Amazônia brasileira, nos primeiros sete dias do mês, chegou a 18.374, o que é superior à metade da média histórica (1998-2021) de setembro inteiro que é de 32.110. Os dias 2, 3 e 4 deste mês registraram mais de 3 mil focos diários. Nos últimos três dias, os números diários de focos de calor diminuiu, porém segue muito alto.

A Amazônia não tinha um começo de setembro com tanto fogo desde 2007. Os piores anos de queimadas na região se deram entre 2002 e 2007. Em 2002, agosto terminou com 43.484 focos. Em 2003, 34.765. Já em 2004, 43.320. Em 2005, o recorde da série histórica do mês com 63.764. Em 2006, 34.208. E, por fim, 2007 com 46.385 focos de calor em agosto. Em 2011, o menor número em agosto com 8.002 focos.

O número de focos de calor somente nos primeiros sete dias deste mês no Amazonas de 3.819 supera a média histórica de setembro de 2.768. O mês se encaminha para ser o pior setembro de fogo já registrado no Amazonas, batendo o recorde mensal de setembro de 2015 com 5.004.

No Acre, a primeira semana de setembro registrou, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2.784 focos de calor. O valor já se aproxima da média do mês histórica do mês todo de 3.224. O Pará, na primeira semana do mês, teve 5.416 focos, marca acima da metade da média mensal de 9.103. Em Rondônia, os primeiros sete dias do mês anotaram 2.537 focos e a média histórica mensal é de 6.974.