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MARCEL MOCHET/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Cientistas acabam de descobrir uma nova colônia de pinguins-imperadores se valendo de imagens de satélite de uma das regiões mais remotas e inacessíveis da Antártida. A colônia, que abriga cerca de 500 pássaros, se soma a outras 66 conhecidas de pinguins-imperadores ao redor da costa antártica, metade das quais foram descobertas por satélites. O anúncio foi feito hoje pelo British Antartic Survey no Dia Mundial da Conscientização do Pinguim (International Penguin Awareness Day)

A crise climática representa uma ameaça existencial para essas colônias, já que o gelo do mar está derretendo rapidamente. Os pinguins-imperador precisam do gelo marinho para se reproduzir e estão localizados em áreas muito difíceis de estudar porque são remotas e muitas vezes inacessíveis e podem experimentar temperaturas tão baixas quanto -60°C. Nos últimos 15 anos, os cientistas do British Antarctic Survey (BAS) têm procurado por novas colônias, pesquisando imagens de satélite por suas manchas de guano no gelo.

“Esta é uma descoberta empolgante”, disse o Dr. Peter Fretwell, do British Antarctic Survey, que liderou a pesquisa. “[Mas] como muitos dos locais recentemente descobertos, esta colônia é pequena e está em uma região muito afetada pela recente perda de gelo marinho”, explicou.

Os pinguins-imperadores são os únicos pinguins que se reproduzem no gelo marinho, e não na terra, e estão localizados em áreas muito difíceis de estudar porque são remotas, inacessíveis  sob frio extremo. Nos últimos 15 anos, cientistas do British Antarctic Survey têm procurado novas colônias, pesquisando imagens de satélite em busca de manchas marrons de fezes no gelo.

A última colônia, em Verleger Point, no Oeste da Antártida, foi descoberta com base em imagens da missão do satélite Copernicus Sentinel-2 da Comissão Europeia e confirmada em imagens de alta resolução do satélite Maxar WorldView-3.

Os pinguins precisam que o gelo dure entre abril e setembro para dar aos filhotes tempo para crescerem mais robustos, tornando-os particularmente vulneráveis ao colapso climático. “Se o gelo quebrar antes disso, os filhotes caem na água e se afogam ou congelam”, disse Fretwell.

MAXAR/BAS/DIVULGAÇÃO

O tamanho das colônias de pinguins também tem um impacto direto em sua sobrevivência, pois os pássaros se amontoam para se proteger das tempestades de inverno, principalmente durante o período de dois meses em que os pinguins machos incubam os ovos antes de eclodirem.

Colônias já foram perdidas devido a mudanças no gelo marinho, incluindo uma em Marguerite Bay, que foi estudada desde a década de 1940, e outra em Halley Bay, que permaneceu estável por 50 anos. “A maioria dos pinguins-imperadores nunca verá um ser humano em sua vida, mas o que estamos fazendo do outro lado do mundo está matando-os lentamente”, disse Fretwell.

Desde 2015, houve mudanças dramáticas no gelo marinho na Antártica, que se aceleraram. “No ano passado, tivemos as piores condições de gelo marinho na Antártida e este ano é ainda pior”, disse Fretwell. “Ainda estamos trabalhando no que isso significa para os pinguins, mas não é bom”, alertou.

Pesquisas anteriores previram que 90% das colônias conhecidas serão perdidas até o final do século se nenhuma outra ação for tomada para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. E Fretwell disse que havia pouco que poderia ser feito para mitigar esse impacto além de conter o aquecimento global. “Podemos tentar proteger as áreas de alimentação dos pinguins proibindo a pesca”, disse ele. “Mas, sinceramente, este é um problema global e não pode ser analisado em escala local”, ponderou.

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