A província canadense de Colúmbia Britânica levará anos para se recuperar das inundações catastróficas que atingiram a região. O premiê provincial John Horgan descreveu as enchentes na região de Vancouver como um evento que ocorre somente a cada 500 anos. Não há, contudo, estudos científicos de atribuição até o momento que vinculem o episódio às mudanças do clima com tempo estimado de recorrência.
A cientista Rachel White, da University of British Columbia, disse à rede britânica BBC que a devastação massiva causada pela tempestade pode provavelmente ser atribuída a uma combinação de fatores humanos. “À medida que aquecemos o clima, chuvas fortes como essas se tornarão mais intensas”, disse ela. “Quando aquecemos a atmosfera, quando aquecemos os oceanos, mais água sai dos oceanos, portanto a atmosfera pode carregar mais água e isso então se condensa em chuva”, afirmou.
A tempestade foi notável tanto por sua duração quanto por sua intensidade. Choveu continuamente por mais de 24 horas e as taxas de precipitação foram muitos altas, acima das chuvas normais de outono, observou o cientista atmosférico John Clague, de Ciências da Terra, da Simon Fraser University.
Segundo Clague, em artigo no The Conversation, o escoamento rápido excedeu a capacidade de carga dos riachos e rios, fazendo com que eles transbordassem. Além disso, áreas planas da região já estavam saturadas com as chuvas de outubro e do início de novembro, o que não permitiu drenar a água e, consequentemente, foram inundadas.
Mobilização do Exército
O governo do Canadá mobilizou o exército para ajudar no resgate da população bloqueada por “inundações extremas” na costa do Pacífico, onde chuvas intensas levaram as autoridades a decretar estado de emergência. As autoridades da província de Colúmbia Britânica anunciaram que as chuvas deixaram mortos e desaparecidos. Também forçaram a fuga de milhares de moradores e isolaram a cidade portuária de Vancouver.
We’re working closely with the @City_Abbotsford and local emergency officials to ensure we can continue to deliver safe, reliable power to the community and surrounding areas. #YXX #Abbotsford #BCStorm pic.twitter.com/pbM5nIwhLO
— BC Hydro (@bchydro) November 17, 2021
O primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou que as chuvas provocaram “inundações históricas e terríveis” ao longo da Colúmbia Britânica”. “Posso confirmar que há centenas de membros das Forças Armadas canadenses seguindo para Colúmbia Britânica para ajudar em tudo”, disse.
Views as crews work to assess the #BCstorm damage on our highways:
– Flooding on #BCHwy1 and No. 3 Road Overpass
– Crews survey the damage on #BCHwy7 at Ruby Creek
– Overflow in the Fraser Valley at Whatcom Road Interchange
– Work on #BCHwy1 at Patterson Creek pic.twitter.com/j4jdZFvIx1— BC Transportation (@TranBC) November 16, 2021
O primeiro-ministro da província, John Horgan, declarou estado de emergência e proibiu os deslocamentos. Ele afirmou que as chuvas “devastaram comunidades inteiras”. O episódio de chuva extrema acontece meses depois de uma onda de calor história na região de Colúmbia Britânica que provocou as mortes de 500 pessoas e incêndios.
Milhares de animais afogados
“Temos milhares de animais que morreram”, disse a ministra provincial da Agricultura, Lana Popham. Centenas de estradas permanecem fechadas e Vancouver está isolada do restante do Canadá. Os deslizamentos de terra também interromperam as conexões ferroviárias da cidade, um dos portos mais importantes de mercadorias do Canadá.
As chuvas torrenciais que caíram em questão de horas desde o último domingo na Columbia Britânica provocaram deslizamentos de terra, destruíram rodovias e outras infraestruturas, além inundar cidades inteiras. “Estamos fazendo o possível” em condições complicadas, explicou à AFP Chris Manseau, porta-voz da polícia federal de Columbia Britânica e responsável pelo resgate.
Entre os mais atingidos estão os agricultores e os produtores de leite, que inclusive perderam animais afogados nos últimos dias. Outro ponto de preocupação na região é o porto de Vancouver, por onde passam 3,5 milhões de contêineres a cada ano, e que sofreu com “importantes interrupções no trânsito de trens e caminhões” devido às inundações.