Quando em 2011 os Estados Unidos experimentaram a sua segunda pior temporada de tornados da história com centenas de mortes e devastação em vários estados não faltaram vozes na comunidade científica atribuindo a condição às mudanças climáticas e ao aquecimento do planeta. No ano passado, e até agora em 2013, o número de tornados no país tem sido baixíssimo, em níveis baixos como jamais vistos na história recente. Forçoso questionar. Se o aquecimento era a causa do alto número de tornados de 2011, ele desapareceu para os números despencarem em 2012 e 2013 ? Ou, como é o correto, o aquecimento nada tinha a ver com 2011, resultado sim da variabilidade natural do clima (foto abaixo do site Disaster Safety).


Harold Brooks, pesquisador do National Severe Storms Laboratory do NOAA, autoridade mundial em tornados, escreve no site da agência meteorológica americana que o período de 12 meses entre maio de 2012 e abril de 2013 foi ‘marcante’ pela baixa atividade tornádica e conseqüências mínimas do fenômeno nos Estados Unidos. Segundo Brooks, a estimativa é que entre maio de 2012 e abril de 2013 (números finais ainda estão pendentes de divulgação no mês de julho e devem ficar muito próximos da estimativa divulgada) tenham ocorrido 197 tornados categoria EF1 ou superiores nos Estados Unidos. Considerando a base de dados que se repute confiável desde 1954, o menor número de tornados (E) F1 ou mais intensos em um intervalo de 12 meses tinha ocorrido entre junho de 1991 e maio de 1992 com 247 registros. Na sequência, de acordo com Brooks, se tem 270 registros entre novembro de 1986 e outubro de 1987, 289 tornados entre dezembro de 2001 e novembro de 2002, e ainda 298 tornados de junho de 2000 a maio de 2001.  

Esse provável (para não dizer quase certo) recorde de mínima atividade tornádica ocorre menos de dois anos depois do recorde de tornados para um período de 12 meses com 1050 ocorrências entre junho de 2010 e maio de 2011. O número de mortes por tornados entre maio de 2012 e abril de 2013 nos Estados Unidos foi de 7. Levando em conta a base histórica que se reputa ter confiabilidade, o número é muito baixo. Foram 5 vítimas fatais entre setembro de 1899 e agosto de 1900, 8 entre agosto de 1991 e julho de 1992, 12 entre novembro de 1909 e outubro de 1910 e 12 de maio de 1940 a abril de 1941. 

Há quase 30 anos, na minha atividade meteorológica, venho comentando que é comum um ano ou período de extremos ser seguido por outro de extremos ao oposto. Logo, o que ocorre com a baixa atividade tornádica não é surpreendente. Quantas vezes já vimos anos de chuva recorde serem seguidos por ano de seca recorde, ou vice-versa. O mesmo com a temperatura. Seguindo nos Estados Unidos, atentem para o que ocorreu agora. Depois de um período março-abril incrivelmente quente em 2012 (mais quente foi 1910), agora o mesmo bimestre em 2013 foi incrivelmente frio, somente perdendo para o ano de 1975.

E isso não é de hoje. O recorde de calor do Rio Grande do Sul de 1917 foi seguido pelo inverno de recordes de frio em 1918. O naturalista inglês Charles Darwin descreveu em seu diário a grande seca ocorrida entre 1827 e 1830 na Argentina, período conhecido como “Gran Seco”, quando os rios da região secaram e os animais pereceram. Logo após, no mesmo diário, Darwin descreve chuva copiosa sobre a região e o Uruguai nos anos seguintes. O que muitos atribuem ao aquecimento global nada mais é que a variabilidade natural do clima.