Um jovem se diverte nadando em um canal de drenagem inundado durante as enchentes que atingiram Sanaa, capital do Iêmen, em agosto deste ano | MOHAMMED HUWAIS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Crianças e adolescentes estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas. O UNICEF, a agência da ONU para o público infantil, busca garantir que a crise climática seja reconhecida como uma crise para as crianças e seus direitos, para promover abordagens para diminuir o risco climático para aqueles que são mais vulneráveis.

A crise climática é uma crise dos direitos da criança, afirma o UNICEF. As mudanças climáticas representam uma grande ameaça à saúde, à nutrição, à educação, ao desenvolvimento, à sobrevivência e ao potencial futuro de crianças, adolescentes e jovens, conforme a agência das Nações Unidas.

Em comparação com os adultos, as crianças precisam de mais comida e água por unidade de seu peso corporal, são menos capazes de sobreviver a eventos climáticos extremos e são mais suscetíveis a produtos químicos tóxicos, mudanças de temperatura e doenças, entre outros fatores.

De maneira crítica, as gerações atuais e futuras de crianças e adolescentes terão que navegar em um futuro incerto, no qual o atual modelo de crescimento que vincula o desenvolvimento econômico à exploração ambiental não é mais viável. Crianças e adolescentes em comunidades que menos contribuíram para as emissões globais enfrentarão os maiores impactos das mudanças climáticas.

Um relatório do UNICEF lançado no último mês de agosto, intitulado Índice de Risco Climático das Crianças (IRCC), revelou que quase todos os meninos e meninas na Terra estão expostos a pelo menos um risco climático e ambiental, como ondas de calor, ciclones, poluição do ar, inundações e escassez de água.

Aproximadamente 1 bilhão de crianças e adolescentes – quase metade dos meninos e meninas do mundo – vivem em 33 países classificados no IRCC como de “risco extremamente alto”. Essas crianças e adolescentes enfrentam uma combinação mortal de exposição a múltiplos choques climáticos e ambientais com alta vulnerabilidade devido a serviços essenciais inadequados, como água e saneamento, saúde e educação.

Estima-se que 850 milhões de crianças e adolescentes – mais de um terço de todos os meninos e meninas do mundo – vivem em áreas onde pelo menos quatro dos choques climáticos e ambientais se sobrepõem, e cerca de 330 milhões de crianças e adolescentes vivem em áreas afetadas por cinco choques climáticos sobrepostos.

Crianças e adolescentes de países que menos contribuem para a mudança climática sofrem as maiores consequências. Os 33 países de risco extremamente alto emitem coletivamente 9% das emissões de CO2. Os dez países de maior risco emitem coletivamente apenas 0,5% das emissões globais.

O acesso a serviços de água, saneamento e higiene resilientes reduz os riscos para 415 milhões de crianças e adolescentes. Os serviços de saúde inteligentes para o clima reduzem os riscos para 460 milhões. Escolas e sistemas educacionais resilientes reduzem os riscos para 275 milhões. E as redes de segurança social sensíveis ao clima reduzem os riscos para 310 milhões. Ação na COP26 é imperativa. O UNICEF está pedindo aos governos para:

Os esforços de mitigação levarão décadas para reverter os impactos das mudanças climáticas e, para as crianças e os adolescentes de hoje, será tarde demais. “A menos que invistamos pesadamente na adaptação e resiliência dos serviços sociais para os 4,2 bilhões de crianças nascidas nos próximos 30 anos, essas crianças enfrentarão riscos cada vez maiores para sua sobrevivência e bem-estar”, alerta o UNICEF.