Julho foi o mês mais quente já registrado no planeta, confirmou nesta terça-feira o Sistema Copernicus, o consórcio ambiental da União Europeia. O mês terminou 0,7°C mais quente que a média de 1991-2020 para julho e 0,3°C mais quente que o mês mais quente anterior, julho de 2019. Estima-se que julho tenha sido cerca de 1,5°C mais quente que a média de 1850-1900.
Ondas de calor foram experimentadas em várias regiões do Hemisfério Norte, incluindo o Sul da Europa. Temperaturas muito acima da média ocorreram em vários países da América do Sul e em grande parte da Antártida. As condições do El Niño continuaram a se desenvolver no Pacífico Equatorial oriental e as temperaturas oceânicas ficaram bastante acima da média em várias outras regiões.
As temperaturas em julho foram muito mais altas do que as médias climatológicas de 1991-2020 no Sul da Europa. Ondas de calor foram sentidas desde a Espanha, no Oeste, até os Bálcãs, no Leste. Novos recordes locais de temperatura foram estabelecidos enquanto outros ficaram perto de serem quebrados. Temperatura de 48°C foi relatada na Sardenha e máxima de 47°C foi anotada em um observatório em Palermo, na Sicília. As temperaturas atingiram um pico de 46°C na Grécia. Em contraste, grande parte do Norte da Europa experimentou temperaturas próximas ou abaixo da média.
O Norte e o Centro da África foram geralmente mais quentes do que a média. A Argélia e a Tunísia enfrentaram condições particularmente anômalas, com a Organização Meteorológica Mundial relatando temperaturas máximas diárias de até 49°C. As temperaturas também foram especialmente altas na Eritreia e no Noroeste da Etiópia.
Ondas de calor prolongadas ocorreram no Sudoeste dos EUA e no norte do Canadá, Labrador e Terra Nova. Em Phoenix, Arizona, apenas o último dia do mês registrou uma temperatura máxima diária inferior a 110°F (43°C), enquanto recordes históricos de temperatura superiores a 37°C foram registrados perto do Círculo Polar Ártico em dois locais dos Territórios do Noroeste Canadense.
Também foi muito mais quente do que a média na Groenlândia, onde a extensão estimada do derretimento do gelo superficial foi alta. Na Ásia, o Cazaquistão experimentou ondas de calor, a China registrou sua temperatura mais alta já medida, 52,2°C, e o Japão teve seu julho mais quente em um recorde de temperatura que remonta a 1898. As temperaturas também estavam muito acima da média em partes da Sibéria. As temperaturas do meio do inverno ficaram bem acima da média no Norte do Chile e na Argentina, no Uruguai e no Sul do Brasil.
Temperaturas abaixo da média ocorreram em apenas pequena fração da superfície terrestre e ficaram em grande parte dentro de 1°C da média. A massa de terra antártica foi a principal exceção, com uma mistura de temperaturas muito acima e abaixo da média, como costuma acontecer no inverno na região.
As temperaturas do ar estiveram acima da média em grandes partes sobre oceanos, associadas a temperaturas recordes da superfície do mar. Temperaturas marinhas excepcionalmente altas foram observadas em grande parte do Atlântico Norte, em particular. As temperaturas do ar estavam excepcionalmente altas em parte da Antártida, onde a cobertura de gelo marinho continuava muito abaixo do normal. As temperaturas do ar também foram mais altas do que a média de 1991-2020 na maior parte dos trópicos e do Pacífico Norte, com marcas notavelmente altas a Leste do Japão.
As temperaturas ficaram abaixo da média no Sul da América do Sul, no Oeste da Austrália, no Sudoeste da península mexicana de Baja California, no Nordeste da Islândia e, em menor grau, em várias outras regiões.
Globalmente, julho de 2023 foi 0,72°C mais quente que a média mensal de 1991-2020. Foi ainda o mês mais quente entre todos do calendário desde o começo dos registros. Mais quente do que julho de 2019, a partir de agora o segundo mês mais quente já registrado, superando o recorde anterior por margem extraordinariamente alta de 0,33°C. O mês acabou cerca de 1,5°C mais quente que a média de 1850-1900.
As anomalias de temperatura média europeia são geralmente maiores e mais variáveis do que as anomalias globais. A temperatura média europeia em julho de 2023 foi 0,38°C superior à média de 1991-2020. O mês foi 1,34°C menos quente na Europa do que julho de 2010, o mês mais quente já registrado na Europa.
Nos último doze meses, a temperatura planetária foi 0,38°C maior que a média de 1991-2020. A anomalia média de doze meses está bem abaixo dos 0,46°C para os períodos de doze meses que terminam em setembro de 2016 e maio e junho de 2020, os três períodos mais quentes de doze meses até hoje. A temperatura média global nos últimos doze meses até julho de 2023 ficou cerca de 1,3°C acima do nível de 1850-1900.
De janeiro a julho, a média global para 2023 é a terceira mais alta já registrada, com 0,43°C em relação a 1991-2020, em comparação com 0,49°C em 2016 e 0,48°C em 2020. Espera-se que a diferença entre 2023 e 2016 diminua nos próximos meses, já que os últimos meses de 2016 foram relativamente frios (reduzindo a média anual para 0,44°C), enquanto o restante de 2023 deve ser relativamente quente, já que o El Niño se fortalece.