O inverno que começa em 21 de junho às 12h54 não será rigoroso e deve apresentar muitos dias amenos ou quentes intercalados com episódios pontuais de frio mais intenso neste ano, antecipa a MetSul Meteorologia. E, repetindo o que se observou em grande parte do outono, terá chuva acima da média.

O inverno tem início e transcorrerá integralmente ou em grande parte sob um quadro limite entre El Niño fraco e neutralidade no Oceano Pacífico. O evento de El Niño em curso no Oceano Pacífico Equatorial é fraco e com características Modoki em que o aquecimento se concentra na parte central do oceano. Isso faz com que o impacto do fenômeno oceânico-atmosférico seja menor no Sul do Brasil.

O inverno marca o período mais frio do ano no Rio Grande do Sul. As jornadas mais frias costumam ocorrer sob influência de ciclones extratropicais intensos no Atlântico Sul e que são responsáveis por impulsionar massas de ar muito gelado para o Estado. Quando o frio está acompanhado de um ciclone potente, é comum os gaúchos terem o vento Minuano, sensação térmica negativa, minimas muito baixas, geada ampla e em alguns casos neve. Ocorre que mesmo durante o inverno são normais dias com calor em qualquer mês da estação, especialmente durante agosto e setembro, e 2019 não fugirá à regra.

A transição de períodos amenos ou quentes para frios pode se dar bruscamente com alto risco de tempo severo na forma de temporais com vento forte e granizo, especialmente se estiver presente um fenômeno conhecido como corrente de jato de baixos níveis, que traz ar quente e vento Norte com forte intensidade antecedendo a chuva e os temporais. Essas correntes de vento quente a cerca de 1500 metros de altitude são comuns horas antes da chegada de frente fria intensa associada a um grande ciclone e podem trazer temperatura muito alta mesmo à noite.

Em todos os anos se verifica este tipo de cenário em nos casos mais extremos há formação de tornados, como se viu em diversos invernos do passado. Agosto e setembro, quando se espera maior incidência de ar quente, tendem a ser os meses de maior risco de temporais. São meses, historicamente, que marcam um aumento na frequência de tempestades com granizo e vendavais.

A chuva no inverno de 2019 deve ficar acima da média na maior parte do Rio Grande do Sul e na maioria das áreas do Sul do Brasil. É altamente provável que ocorram eventos regionalizados de chuva em altos volumes em curto período que podem provocar cheias de rios e inundações. Quando do ingresso de massas de ar frio de maior intensidade são esperados períodos mais prolongados de cinco a sete dias de tempo seco e ensolarado.

O outono termina sem um dia sequer de temperatura negativa no Rio Grande do Sul, fato inédito desde que a MetSul começou a fazer este tipo de levantamento em 2015. O quadro de frio intenso escasso até agora, contudo, deve mudar agora com a chegada da estação à medida que entre este fim de junho e o começo de julho são esperadas massas de ar polar de maior intensidade alcançando o Sul do Brasil.

Julho tende a ser o mês mais frio da estação. Ao menos duas incursões polares devem ser fortes em julho, uma já no começo do mês e outra provavelmente no final. Já agosto e setembro devem ter dias frios, com períodos até gelados, mas o número de jornadas de temperatura amena ou de calor aumenta. Tradicionalmente os dois meses registram dias de forte a intenso calor que lembram jornadas até de janeiro e fevereiro com marcas perto ou acima de 35ºC e em 2019 não deve ser diferente. A alternância de calor e frio é maior em agosto e setembro, o que leva a bruscas mudanças de temperatura com vento e não raro com tempestades severas. Em anos de El Niño, como 2019, não raro ocorrem ondas de frio tardias com geada e às vezes até neve em setembro.

A história do clima gaúcho mostra muitos invernos que não chegaram a ser rigorosos, mas tiveram uma ou duas ondas de frio poderosas, até com grandes nevadas, caso de agosto de 1965. A neve é fenômeno que somente pode ser previsto em curto prazo, dias ou horas antes, mas em anos passados que tiveram características similares às observadas no primeiro semestre de 2019 houve eventos de neve no Sul do Brasil principalmente em agosto (maior número de casos na segunda metade do mês) e no começo de setembro, sendo alguns significativos, como 1984.