Como será o clima em junho? O mês é o primeiro do denominado inverno climático que é compreendido pelo trimestre dos meses de junho, julho e agosto. Já a estação inverno começa oficialmente pelo critério astronômico às 11h58 do dia 21 de junho e vai até 3h50 do dia 23 de setembro.
Juntamente com julho, junho é o mês mais frio do ano na climatologia histórica. No Rio Grande do Sul, pelos padrões históricos, junho costuma ser um mês chuvoso no Rio Grande do Sul enquanto no Centro do Brasil se instala a estação seca, o que favorece o aporte de umidade em direção às latitudes médias como do Centro da Argentina, Uruguai e o estado gaúcho.
No caso de Porto Alegre, junho tem uma temperatura mínima média histórica de 11,3ºC, 0,9ºC acima da de julho que é menor entre os meses do ano. Já a temperatura máxima média é de 20,3ºC, 0,6ºC superior à de julho que é a mais baixa entre os meses do ano.
A temperatura média mensal de junho na capital gaúcha é de 14,8ºC, ou 0,7ºC acima da de julho e 0,9ºC abaixo da de agosto, fazendo de junho o segundo mês mais frio do ano, conforme os dados das normais climatológicas da série 1991-2020.
Já a precipitação média de junho na cidade é de 130,4 mm, a quarta média mais alta de chuva entre os meses do ano em Porto Alegre. Fica atrás apenas de julho (163,5 mm), outubro (153,2 mm) e setembro 147,8 mm. A precipitação média mensal de 130,4 mm corresponde à nova normal mensal climatológica com base na série 1991-2020.
Uma comparação entre as séries histórica 1961-1990 e 1991-2022 mostra que no caso da cidade de Porto Alegre o mês de junho ficou menos frio e quase não teve mudança na chuva nas última três décadas.
A média mínima em 1991-2020 era de 10,7ºC e passou a ser 11,3ºC na série 1991-2020. A média máxima se elevou de 19,2ºC para 20,3ºC entre as normais 1961-1990 e 1991-2020. Na série de 1961-1990, junho era o terceiro mês mais chuvoso em Porto Alegre com 132,7 mm (atrás de agosto com 140,0 mm e setembro com 139,5 mm) e agora é o quarto com 130,4 mm.
Junho no Pacífico
Em 2023, o mês de junho vai começar com o Oceano Pacífico oficialmente ainda em estado de neutralidade, portanto sem El Niño ou La Niña. No decorrer do mês, entretanto, se espera que haja um maior aquecimento das águas do Pacífico Equatorial com a gradual transição para um evento de El Niño. Espera-se ainda que a atmosfera no Pacífico Equatorial acople com as condições oceânicas, proporcionando o cenário favorável para um El Niño.
De acordo com o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de +0,4ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há um El Niño na forma clássica e de impacto global. O valor está na faixa de neutralidade de -0,4ºC a +0,4ºC, mas no limite do território de El Niño.
Por outro lado, a região Niño 1+2, perto das costas do Equador e do Peru, estava com anomalia de +2,0ºC, em nível de El Niño costeiro muito forte. O El Niño costeiro, é evento oceânico-atmosférico que consiste no aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico equatorial nas proximidades das costas sul-americanas, que implica que afeta o clima de países como Peru, Equador e às vezes no Chile.
É um fenômeno local que não afeta todo o clima mundial. É diferente do El Niño na sua forma clássica ou canônica, que é fenômeno climático global de maior dimensão, esperado para os próximos meses.
Chuva em junho
O mês de junho costuma marcar uma acentuada diminuição da chuva no Centro do Brasil com a instalação da estação seca ao passo que mais ao Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, observa-se um aumento das precipitações.
É o mês, historicamente, em que há maior ocorrências de frentes quentes no Rio Grande do Sul, ou seja, quando ar mais quente de Norte avança sobre massas de ar frio sobre o território gaúcho, produzindo chuva não raro volumosa a excessiva com temporais.
No inverno, muitos sistemas atuam no Sul brasileiro como frentes frias, frentes quentes e centros de baixa pressão, o que costuma trazer mais chuva para estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina enquanto o Paraná, pela sua posição mais ao Norte, sofre a influência do ar seco do Brasil Central e tem menor precipitação que os estados mais ao Sul.
Modelos climáticos internacionais divergem enormemente em suas projeções de chuva para junho no Centro-Sul do Brasil. O NMME (North America Ensemble Model), que reúne vários modelos, projeta um junho de chuva muito abaixo da média no Planalto Central e perto da média na maior parte do Sul do Brasil.
É importante destacar que a chuva que cair no dia 31 de maio após 9h da manhã já contará para junho pelo chamado dia meteorológico, e se prevê chuva volumosa em parte do Sudeste, assim que isso influenciará para que áreas de São Paulo, Rio de Janeiro e o Sul de Minas tenham precipitação maior em junho.
Os mapas abaixo mostram as projeções semanais de chuva para o mês de junho do modelo europeu em que se observa a tendência de chuva perto com áreas acima da média no Sul e em parte do Centro-Oeste, em particular no Mato Grosso do Sul.
Conforme a análise da MetSul Meteorologia, a perspectiva é de uma maior probabilidade de chuva acima da média em muitas áreas de Santa Catarina, Paraná, Sul do Mato Grosso do Sul e parte de São Paulo, sobretudo o Sul e o Leste do estado.
No Rio Grande do Sul, a chuva terá maior variabilidade com maior probabilidade de chuva perto ou acima da média em áreas do Norte e do Leste do estado enquanto mais a Oeste há o risco de precipitações abaixo da média em alguns pontos, mas a confiabilidade da tendência não é alta.
Temperatura em junho
Grande parte dos modelos internacionais de clima projeta um junho de temperatura acima da média no Centro-Sul do Brasil com sinal mais positivo no Planalto Central, entre o Centro-Oeste e parte do Sudeste. É o que sinaliza, por exemplo, o modelo NMME com forte anomalia positiva de temperatura no Centro do Brasil.
Por outro lado, o modelo climático europeu em suas projeções semanais indica predomínio de dias de temperatura acima da média na primeira metade do mês e dias mais frios e vários com temperatura perto ou abaixo da média na segunda metade do mês no Sul, em parte do Centro-Oeste e do Sudeste.
Esta é a linha de prognóstico que está sendo usada pela MetSul Meteorologia. Não se projeta um mês de frio rigoroso e constante, e tampouco um alto número de dias de temperatura muito baixa com ar gelado, mas não vai deixar de fazer frio.
A primeira metade do mês, assim, deve ter muitos dias de temperatura acima da média sem a influência de uma massa de ar frio de maior intensidade. Entre as segunda e terceira semanas de junho o padrão pode gradualmente começar a mudar, dando lugar a uma segunda quinzena do mês com maior número de dias frios e alguns gelados pelas mínimas baixas, o que traria geada em maior número de localidades.
Há possibilidade na segunda metade do mês de atuação de uma massa de ar frio de trajetória continental que resultaria em frio mais intenso no Sul e com resfriamento acentuado em vários pontos do Centro-Oeste e até do Norte com caracterização de friagem. Esta incursão de ar frio afetaria ainda o Sudeste, em particular São Paulo e o Rio de Janeiro. Uma vez que pode ser uma massa de ar frio continental, pode estar associada a um ciclone no Atlântico Sul mais intenso.