Em 1952, a jovem Elizabeth embarcou para o Quênia como princesa e voltou como rainha depois que o seu pai, o Rei George, faleceu. Nestas décadas de reinado que se encerrou hoje com o seu falecimento, o Reino Unido e o mundo passaram por grandes transformações. Não houve mais guerras mundiais, veio a internet e a era da tecnologia e o clima que os ingleses sempre foram atentos virou pauta mundial.
Desde o seu nascimento, em 1926, a expectativa de vida no mundo subiu de 21,6 anos para 61,6 anos, de acordo com a World in Data. A mortalidade infantil no planeta caiu de 27% para 2,3%. O Produto Interno Bruto (PIB) per capital global subiu de 2,3 mil dólares para 15 mil dólares. Pessoas vivendo na pobreza caíram de 67% para 11%. E vindo em democracia subiram de 18% para 43%.
As transformações também ocorreram no clima e não foram favoráveis. Quando Elizabeth se tornou rainha em 1952 o mundo estava cerca de 1ºC menos quente que hoje. O aquecimento acompanhou um enorme salto nas emissões de gases de efeito estufa que veio junto com o grande desenvolvimento econômico e a ascensão de bilhões de pessoas para fora da linha da pobreza.
Em 1952, quando Elizabeth se tornou a rainha da Inglaterra, as emissões globais de dióxido de carbono anuais eram de 6,6 bilhões de toneladas. No ano passado, 36,4 bilhões de toneladas. Os números foram divulgados pela Carbon Brief. No Reino Unido, contudo, as emissões per capíta são hoje metade de quando assumiu o trono.
A diferença no clima é notável pelas concentrações de gases do efeito estuda, notadamente o dióxido de carbono. Quando nasceu, em 1926, o mundo tinha concentração de dióxido de carbono de 306 ppm (partes por milhão). Hoje, em 2022, 416 ppm.
A rainha Elizabeth II, chefe de Estado do Reino Unido e de 14 países da Commonwealth, faleceu nesta quinta-feira aos 96 anos, após sete décadas de reinado em que enfrentou inúmeras crises em uma monarquia que agora se abre a um novo capítulo. Seu filho Charles, de 73 anos, tornou-se automaticamente o novo monarca.
“A rainha faleceu pacificamente em Balmoral esta tarde. O rei e a rainha consorte permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã”, informou o Palácio de Buckingham em comunicado. A saúde de Elizabeth II piorou consideravelmente nos últimos dias. Na terça-feira, ela recebeu o primeiro-ministro demissionário, Boris Johnson, e sua sucessora, Liz Truss, em seu castelo escocês em Balmoral, para evitar uma viagem de 800 km até Londres.
Elizabeth II era a decana de todos os monarcas do mundo e a que mais tempo ocupou o trono britânico, ao qual ascendeu em 6 de fevereiro de 1952. “Toda a minha vida, longa ou curta, será dedicada ao seu serviço e ao serviço do nosso grande país imperial”, disse ela em seu aniversário de 21 anos, em um discurso interpretado como um manifesto descartando a abdicação.
Nascida em Londres em 21 de abril de 1926, “Lilibet”, como sua família a chamava, não estava inicialmente destinada a ser rainha. Mas o curso de sua vida mudou após a abdicação, por amor a uma americana divorciada, de seu tio Edward VIII em 1936. Elizabeth II subiu ao trono quando tinha apenas 25 anos, quando seu pai, George VI, faleceu em fevereiro de 1952.
Mas precisou esperar até junho do ano seguinte para ser coroada a quadragésima soberana da Inglaterra desde William I, o Conquistador em 1066, na primeira e única cerimônia de coroação britânica televisionada. A partir de então, ela dedicou sua vida incansavelmente aos seus deveres essencialmente cerimoniais e visitas oficiais como chefe de Estado, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, Chefe da Comunidade Britânica e Chefe da Igreja da Inglaterra.
Casada aos 21 anos com seu primo distante Philip Mountbatten, a rainha teve quatro filhos: Charles, herdeiro do trono nascido em 1948; Anne, nascida em 1950; Andrew, em 1960; e Edward em 1964, que lhe deram oito netos e doze bisnetos. Ao longo de seu reinado, Elizabeth II se esforçou para manter o prestígio da monarquia.