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Oriente Médio volta a conviver com a guerra, mas, diferentemente dos tempos antigos, não será um fenômeno natural e celestial que poderá parar o conflito | JACK GUEZ/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Em 14 de outubro de 2023, a humanidade enxerga estarrecida imagens de milhares de civis inocentes perdendo a vida em Israel e na Palestina de forma cruel por mais uma guerra. Há mais de dois mil anos, na mesma região do Oriente, uma outra guerra matava seres humanos e chegava ao fim por um fenômeno celestial, um eclipse.

A história antiga narra os desdobramentos da batalha do eclipse, travada no início do século VI a.C. na região da Anatólia, atualmente a Turquia, entre os medos e os lídios. De acordo com o antigo historiador grego Heródoto, a batalha foi interrompida pelo “dia que se transformou em noite” – um eclipse solar – e o resultado foi um empate que levou ambas as partes a negociar um tratado de paz e a encerrar uma guerra de seis anos.

Heródoto escreve que no sexto ano da guerra, os lídios e os medos travavam uma batalha quando subitamente o dia se transformou em noite, levando ambas as partes a interromper a luta e a negociar um acordo de paz. Heródoto também menciona que a perda da luz do dia foi prevista por Tales de Mileto. Ele não menciona, entretanto, o local da batalha.

Cálculos astronômico permitiram identificar a data do eclipse. Ele ocorreu no dia 28 de 28 de maio de 585 A.C. Para o local da batalha, alguns estudiosos presumem que o rio Halys estava localizado na região fronteiriça entre os dois reinos. Isaac Asimov afirmou que este foi o primeiro eclipse registrado, cuja data foi determinada com precisão antes de sua ocorrência, o que é contestado por diversos estudiosos.

Eles sustentam que o conhecimento astronômico naquela época não era suficiente para Tales de Mileto prever o eclipse. Além disso, o eclipse teria ocorrido pouco antes do pôr do sol em qualquer local plausível da batalha, e era muito incomum que as batalhas ocorressem nessa hora do dia.

Uma teoria alternativa sobre a data da batalha sugere que Heródoto estava narrando descuidadamente eventos que ele não testemunhou pessoalmente e que, além disso, a história do eclipse solar é uma interpretação errônea.

Esta tese sugere ter sido um eclipse lunar pouco antes do nascer da lua, ao anoitecer. Se esta teoria estiver correta, a data da batalha não seria 585 A.C., mas possivelmente 3 de setembro de 609 A.C. ou 4 de julho de 587 A.C, datas em que ocorreram tais eclipses lunares ao entardecer.