Eclipse, como o de hoje, é um fenômeno natural e plenamente conhecido do ser humano e explicado pela ciência, mas há centenas e milhares de anos a realidade era distinta. Os eclipses eram vistos como mau agouro e um sinal de que os deuses e o céu estavam revoltados em algumas culturas. Em outras, um sinal de tempos melhores.
A palavra eclipse, por exemplo, vem do grego e se traduz como desaparecimento ou abandono. Um eclipse solar seria o momento em que o sol desaparece, abandonando o mundo, como um ser abandonado por um deus.
Os antigos gregos consideravam um eclipse solar um ato de abandono, uma crise terrível e uma ameaça existencial. Significava que o rei cairia, que terríveis infortúnios choveriam sobre o mundo ou que demônios engoliriam o sol.
No entanto, nem todos consideravam o eclipse uma ameaça horrível. Para algumas culturas, o eclipse seria um ato de criação em que o sol e a lua estavam se acoplando e criariam mais estrelas.
Durante grande parte da história humana, contudo, não foi assim que as pessoas reagiram aos eclipses, mesmo depois de serem capazes de prevê-los com precisão (por volta de 206 d.C. para os chineses e 150 a.C. para os gregos).
Em muitas culturas, o escurecimento do sol significava que os deuses estavam irritados com a humanidade e prestes a infligir algum castigo. Muitas vezes, isso significava que, para apaziguá-los, era necessário matar alguém.
Na Transilvânia, as pessoas acreditavam que um eclipse era causado pelo sol virando as costas aos pecados da humanidade. Os Incas, aqui na América do Sul, enxergavam os eclipses como um sinal de que o deus do sol Inti estava zangado e exigia apaziguamento com oferendas. Os sacerdotes astecas previam que se houvesse um eclipse solar acompanhado por um terremoto o mundo acabaria.
A ideia de que um eclipse solar significava que um demônio estava engolindo o sol aparece no folclore do eclipse em todo o mundo. Na China antiga, a palavra mais antiga para eclipse, shih, significava comer, e acreditava-se que os eclipses eram causados por um dragão comendo o sol. No Vietnã, o comedor de sol era um sapo. Para o nativo de algumas regiões da América do Norte, era um urso. Na antiga Iugoslávia, um lobisomem, e na Sibéria um vampiro.
No antigo Egito, Apep, a serpente do caos e da morte, se opôs a Rá, o deus do sol, e estava sempre tentando alcançar o barco celeste de Rá para devorar o disco solar – mas no final, Rá sempre foi capaz de combatê-lo, e o sol voltaria. Como sempre voltava.