Dois cometas podem ser vistos neste começo de março no céu do Rio Grande do Sul e do Hemisfério Sul: Lemmon e Pan-STARRS. O cometa Lemmon (C/2012 F6 Lemmon), que ainda é visível só com equipamentos, pela sua magnitude, tem como característica a cor verde. Já Pan-STARRS (C/2011 L4 Pan-STARRS), que se aproxima do sol, está mais facilmente visível em áreas afastadas dos centros urbanos com simples binóculos nos finais de dia, na direção Sudoeste, pouco à esquerda de onde o sol se põe. O incrível é poder observar os dois ao mesmo tempo no céu. No limpo ar do deserto de Atacama, no Norte do Chile, Yury Beletsky fez incrível foto de Lemmon e Pan-STARRS no horizonte (foto abaixo da NASA).
O Cometa C/2012 F6 Lemmon foi descoberto em 23 de março de 2012 pela equipe do Observatório de Mount Lemmon (Estados Unidos). Entre os dias 10 e 23 de março de 2013, o cometa C/2012 F6 Lemmon brilhará próximo da magnitude 3 (estimativa), na constelação do Escultor. A coloração esverdeada é resultado de sua composição química. Cometas são corpos celestes compostos por gelo, poeira e pequenos fragmentos rochosos cercado por envoltório gasoso que se move em torno do Sol em trajetória mais excêntrica que a dos planetas e com maior inclinação em relação à eclíptica plano da órbita da Terra.
O colaborador da MetSul Marnes Augusto Hoff conseguiu fotografar o difícil Lemmon de dentro de Porto Alegre. Segundo Hoff, a proeza foi na noite do dia 27 de fevereiro, apesar da poluição luminosa. Na foto, ele é apenas um “pontinho” esverdeado e meio borrado em meio às estrelas. “É interessante mesmo assim, pois a foto foi tirada sem telescópio. Apenas uma teleobjetiva de 300 mm e de dentro da cidade (bairro Partenon) com toda a luminosidade”, disse. A paisagem da foto é o alto do Morro da Glória, também conhecido pelos porto-alegrenses como Morro da Embratel ou das Antenas). Marnes descreve que usou uma câmera Nikon D90, lente tele 300 mm, abertura máxima (menor f), ISO máximo, 4 segundos de exposição e foco manual. Contou ainda à MetSul que teve que acertar a exata posição da câmera a fim de captar o cometa.
Cometa Lemmon sobre Porto Alegre por Marnes Augusto Hoff
Já o C/2011 L4 Pan-STARRS é um cometa não periódico (como o Halley) descoberto em 5 de junho de 2011 com o telescópio do Pan-STARRS (Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System), no estado americano do Havaí, usado para mapear o céu em busca de objetos próximos (Near Earth Objects) que possam colidir com a Terra. O cometa passa mais próximo da Terra na manhã de 5 de março, porém a 1,1 ua (165 milhões km). O seu periélio vai ocorrer no dia 10 de março.
Em Ivoti, o colaborador da MetSul e astrônomo amador Leonardo Severi fez imagens de Pan-STARRS. Segundo Severi, a proximidade do Sol dificulta a visualização. “A única chance de observá-lo é durante o entardecer e por poucos minutos”, relata. Explica que fotografar cometa nestas condições é muito difícil, o que aliado à baixa luminosidade do mesmo torna a tarefa uma atividade que não é para todos. Severi conta que aguardou aguardar vários dias para encontrar o momento e o local adequado, pois o tempo das últimas semanas não ajudou e a poluição atrapalhou as repetidas tentativas de visualização. O cometa Pan-STARR foi fotografado também nesta sexta-feira em Santa Maria pelo colaborador da MetSul Lukas Neusser.
Cometa Pan-STARR fotografado em Ivoti (RS) por Leonardon Severi
Cometa Pan-STARR no céu de Santa Maria (RS) por Lukas Neusser
O técnico em Astronomia da PUCRS Marcelo Bruckman disse ter conseguido avistar Pan-STARR do campus da universidade na Ipiranga, no bairro Partenon, por volta das 20h desta sexta-feira. Segundo Bruckman, a orientação para a visualização é o azimute em torno de 250° e altura de 20° por volta das 20h, mas pondera que as coordenadas podem sofrer variações. Não é a primeira vez que cometas chamam atenção dos aficionados aqui do Estado nos últimos anos. Em 2007, o cometa McNaught podia ser visto a olho nu do Gasômetro em Porto Alegre e foi um espetáculo no céu do Rio Grande do Sul. Para quem quando criança ouviu muito falar sobre Halley em 1986 e se frustrou não vendo nada, o meu caso, foi incrível olhar a enorme cauda do cometa C/2006 P1 McNaught exatamente sobre o Lago Guaíba. Cena que jamais sairá da memória !
McNaught em 2007 por Sandro Ebone e Fabio Dornelles/Arquivo MetSul
E, acredite, este pode ser o ano dos cometas. Astrônomos anunciam para o final de 2013 um espetáculo inesquecível no céu e que se confirmar vai virar uma “febre”na população em geral. O show seria dado pelo cometa ISON. De acordo com reportagem da revista, ISON ainda está longe, além da órbita de Júpiter, mas já em outubro poderá ser visto a olho nu. Em 26 de dezembro, atingirá a maior aproximação da Terra, 63 milhões de quilômetros, um terço da distância ao Sol.
Infográfico publicado pela Revista Época
ISON será um evento único, segundos os técnicos ouvidos pela revista. Quem perder terá de aguardar dez mil anos até a próxima visita, dizem. “O cometa pode vir a ser tão brilhante quanto a Lua cheia”, disse o astrofísico Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos. Na escala astronômica de brilho, quanto menor é a magnitude, maior é o brilho. A Lua cheia tem magnitude -12,7. O cometa ISON poderá atingir magnitude -13 ou inferior. É esperar para ver, torcer e conferir !