Consumo de energia teve forte queda no mês de setembro | MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/EBC

O começo de primavera mais frio do que a média derrubou o consumo de energia no Sul e em parte do Sudeste do Brasil. O primeiro mês da primavera climática (setembro a novembro) teve uma alta frequência de frentes frias e de ingresso de massas de ar frio. Nas primeiras horas da estação, na madrugada de 22 de setembro, uma intensa massa de ar polar provocou neve com acumulação no Planalto Sul Catarinense em evento tardio histórico de frio.

A chuva no mês de setembro na capital paulista, a maior cidade do país e de maior demanda de energia, foi a maior em sete anos. Setembro na cidade de São Paulo registrou 146,0 mm de precipitação acumulada na estação automática do Mirante de Santana.

O valor superou em 75% a média climatológica do mês de 83,3 mm. O total de precipitação de setembro na capital paulista foi o maior para o mês desde 2015, quando o mês se encerrou com 202 mm.

Conforme dados da estação meteorológica oficial de Porto Alegre, a capital gaúcha não teve um dia sequer com máxima acima de 30ºC em setembro. Para se ter ideia, enquanto setembro teve zero dia com máxima superior a 30ºC na cidade de Porto Alegre, em julho, mês que marca o auge do inverno no Rio Grande do Sul e neste ano foi atipicamente quente, a capital gaúcha registrou um dia com mais de 30ºC, no caso 11 de julho que anotou 30,3ºC no Jardim Botânico.

Neste século, somente os anos de 2005, 2010, 2015 e 2020 tinham passado setembro sem um dia sequer acima da 30ºC em Porto Alegre, curiosamente com intervalos de cinco anos. Os anos de 2000, 2002, 2006, 2008, 2009, 2012 e 2016 todos tiveram apenas um dia com máxima acima de 30ºC na cidade.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), a carga (consumo) de energia do sistema integrado nacional (SIN) verificada em setembro apresentou uma variação negativa de 3,9% em relação ao valor verificado no mesmo mês do ano anterior. Com relação a agosto observou-se uma variação nula. No acumulado dos últimos 12 meses, a carga do SIN apresentou uma variação positiva de 0,2% em relação ao mesmo período anterior.

No subsistema do Sudeste e do Centro-Oeste, que concentra o maior consumo de energia do Brasil, a carga de energia verificada em setembro apresentou uma variação negativa de 5,3% em relação à verificada no mesmo mês do ano anterior. Com relação a agosto, houve uma variação positiva de 0,3% na carga. No acumulado de 12 meses o subsistema Sudeste/Centro-Oeste apresentou uma variação negativa de 0,1% em relação ao mesmo período anterior.

“O cenário meteorológico verificado no mês de setembro de 2022 manteve o padrão observado no mês anterior (agosto de 2022), com avanço de frentes frias e a consequente queda das temperaturas em parte do Sudeste contribuindo para o desempenho da carga desse subsistema”, observou o Operador Nacional do Sistema em relatório.

Já a carga de energia verificada em setembro no subsistema do Sul do Brasil teve queda de 3,7% em relação à observada no mesmo mês em 2021. Com relação a agosto, verificou-se uma variação negativa na carga de 3,0%. No acumulado dos últimos 12 meses, o subsistema Sul apresentou uma variação positiva de 0,6% em relação ao mesmo período anterior. A carga ajustada apresentou variação negativa de 2,4% no mês

“O resultado da carga do mês de setembro foi impactado pelo efeito das temperaturas amenas e maiores totais de precipitação na região Sul e em parte do Sudeste em função da passagem de diversas frentes frias durante o mês. Adicionalmente foi observado, em setembro, recuo da confiança da indústria de 0,8 ponto por uma percepção de queda na demanda por produtos industriais de todas as categorias de uso, exceto nos produtos de consumo de bens não duráveis”, destacou o ONS.