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O inverno astronômico termina apenas no dia 22 de setembro às 16h21, mas o chamado período da primavera climática tem início agora no dia 1º porque compreende o trimestre que vai de setembro a novembro. Setembro é, assim, um mês que marca a transição para a primavera e traz junto um aumento da temperatura.

Clima em setembro ganha maior importância em 2021 com a crise energética grave que atravessa o Brasil | Fernando Oliveira/Arquivo

Em Porto Alegre, por exemplo, em agosto a média da temperatura mínima é de 11,5ºC e a máxima média histórica é de 20,3ºC. Setembro, por sua vez, tem média mínima na capital gaúcha de 13,1ºC e uma máxima média de 21,9ºC, com base nas normais climatológicas da série 1961-1990.

Setembro, historicamente, é ainda um mês com altos índices de chuva no Rio Grande do Sul. No caso de Porto Alegre, tem uma média de precipitação mensal de 139,5 mm, a segunda maior entre os meses do ano e atrás apenas dos 140,0 mm de agosto e acima dos 132,7 mm de junho, o terceiro mês mais chuvoso no calendário pela climatologia histórica.

Temperatura em setembro

De acordo com a análise da MetSul Meteorologia, setembro em 2021 deve ser marcado por temperatura acima da média histórica em quase toda a região ou mesmo em todo o Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, os desvios positivos devem ser menores à medida que as massas de ar frio devem atuar mais no Estado do que no Paraná, tomando os dois extremos da região.

O modelo de clima norte-americano CFS, que o assinante da MetSul tem disponível na seção de mapas com prognósticos atualizados diariamente para até meio ano, projeta temperatura acima da média na maior parte do Sul do Brasil com anomalias positivas ainda maior no Brasil Central.

A MetSul não espera um elevado número de dias muito frio agora em setembro deste ano, apesar de que vai fazer frio em alguns dias. A primeira semana do mês tem marcas mais agradáveis com tendência de elevação gradual da temperatura. Já a segunda semana pode ter ingresso de uma massa de ar frio.

Na segunda metade do mês existe a possibilidade de uma segunda massa de ar frio de maior intensidade e, com isso, a preocupação sobre um episódio de geada tardia que poderia trazer danos em lavouras do Sul do Brasil, particularmente do Rio Grande do Sul. O Pacífico em processo de resfriamento que pode levar a um novo episódio de La Niña agrava o risco de que ocorram episódios de geada tardia no fim do inverno e na primavera, tem alertado a MetSul.

É importante enfatizar que dias de calor, alguns de calor intenso, são muito comuns no mês de setembro e já houve ano em que a temperatura atingiu marcas perto dos 40ºC na Grande Porto Alegre. Se em agosto a temperatura passou dos 37ºC no Rio Grande do Sul e Campo Bom teve a maior máxima para o mês de toda a sua série histórica de quase 40 anos, alguns dias quentes não seriam incomuns em setembro.

No Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil, a tendência é de temperatura acima da média agora em setembro. Exceção para algumas áreas mais a Leste do Sudeste que sofrerão a influência da alta do Atlântico com temperatura menor e instabilidade mais recorrente.

Clima favorece mais chuva em setembro

E a chuva? A MetSul projeta uma grande variabilidade das precipitações em setembro no Sul do Brasil. O modelo climático norte-americano CFS projeta um mês de chuva abaixo da média em quase todo o Sul do Brasil, mas não cremos neste cenário.

A MetSul trabalha com a perspectiva de que a chuva não será tão escassa como indicado pelo modelo e muitas áreas podem até encerrar o mês com precipitação próxima ou acima da média no Sul do país, especialmente entre o Rio Grande do Sul – mais a Metade Norte – e Santa Catarina.

O modelo CFS projeta para setembro chuva perto da média na maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste, inclusive com algumas áreas acima da média. O prognóstico está em linha com o pensamento da MetSul de que a chuva deve começar a voltar para a maior parte das duas regiões dentro do período climatológico normal e sem o atraso do ano passado. O modelo europeu, inclusive, diferentemente do norte-americano CFS, projeta uma área de chuva acima da média entre o Mato Grosso e o Sudeste do Brasil.

A chuva no Brasil Central gradualmente deve começar a voltar de forma mais isolada na primeira metade de setembro, mas aumenta mais na segunda metade do mês. Setembro, entretanto, ainda não é um mês chuvoso na região que desesperadamente necessita de água pela gravíssima crise energética que ameaça trazer cortes de luz no último trimestre do ano.

Como é um mês de transição da estação seca para a temporada chuvosa, os acumulados tendem a aumentar significativamente mesmo no Centro do Brasil durante o mês de outubro com o pico das precipitações no auge do verão.

Mês costuma ter temporais

Setembro, como mês da primavera climática, tende a ter um aumento dos episódios de tempo severo no Sul do Brasil. O risco é principalmente agravado com incursões tardias de ar frio à medida que a presença de ar quente se torna mais comum sobre o Sul do país com o fim do inverno. O encontro de massas de ar gera as tempestades severas, sobretudo na chegada de frentes frias.

Em anos de Pacífico esfriando, como é o caso de 2021, o risco de granizo é aumentado a partir de dados históricos analisados pela MetSul que identificou a tendência. O mesmo ocorre na primavera com vendavais que, quando ocorrem, tendem a ser mais intensos, a despeito de não necessariamente se tornarem mais freqüentes.

Alguns dos piores e mais destrutivos tornados no Sul do Brasil durante meses da primavera ocorreram justamente em anos em que o Pacífico Equatorial estava sob La Niña ou tinha temperatura oceânica abaixo da média mesmo sem configuração do fenômeno.

Por fim, setembro é um mês com maior propensão para a formação de ciclones extratropicais no Atlântico Sul, nas latitudes médias do continente, especialmente nos litorais da Argentina e Uruguai, uma vez que se torna mais freqüente o encontro de massas de ar quente e frio na região.