Um vórtice ciclônico se formou entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai durante a madrugada desta sexta-feira. Imagens de satélite mostram a espiral de nuvens girando em sentido horário sobre o território gaúcho que é característica de sistemas ciclônicos (centros de baixa pressão). A frente fria associada avança pelo Leste do Paraná, São Paulo, parte de Goiás e o Triângulo Mineiro após ter causado temporais no Mato Grosso do Sul.

O centro de baixa pressão que deu origem ao ciclone influencia o tempo desde ontem no Rio Grande do Sul com abundante nebulosidade e chuva na maioria das regiões, embora muito mal distribuída e irregular com baixos volumes na grande maioria das localidades. Chuva mais forte ocorreu em poucos locais.

Nas últimas horas, os maiores volumes de precipitação, como era alertado, se deram junto à fronteira com o Uruguai, na Campanha e, especialmente no Sul gaúcho. Somente em seis horas, no começo desta sexta-feira, a chuva somou 46 mm na cidade de Rio Grande, no Sul do estado. No mesmo intervalo, Pedro Osório teve 35 mm, Capão do Leão 33 mm e Pelotas quase 30 mm em alguns bairros.

O vórtice do ciclone estava no final da madrugada entre o Noroeste do Uruguai, na altura do departamento de Artigas, e no extremo Oeste gaúcho, na região de Uruguaiana e Quaraí. Por isso, Uruguaiana teve chuva forte com rajadas de vento de 60 km/h entre 4h e 5h da manhã desta sexta.

Enfatiza-se que este ciclone não é intenso e não se antecipa riscos maiores para a população. Sistemas ciclônicos são bastante comuns em nosso clima e o diferencial deste é que se forma sobre o continente na altura do Rio Grande do Sul, mas sem maior intensidade.

Chuva pelo ciclone

Este centro de baixa pressão (ciclone) de 1000 hPa a 1002 hPa estará sobre o Rio Grande do Sul ao longo do dia e vai migrar do Oeste para o Sul gaúcho. O sistema traz instabilidade para a maior parte do estado no decorrer desta sexta com chuva ao menos em parte do dia em muitas cidades.

A instabilidade, contudo, não será persistente na maioria dos municípios e a chuva tende a se alternar com aberturas de sol e muitas nuvens em diferentes pontos. Por isso, as precipitações tendem a ser bastante irregulares nesta sexta mais uma vez no território gaúcho com altos acumulados em alguns pontos e baixos na maioria dos municípios.

Porto Alegre e região metropolitana, por exemplo, devem ter um dia de sol e nuvens com períodos de maior nebulosidade em que o céu fica nublado ou encoberto, não se descartando chuva principalmente na segunda metade do dia na capital e área metropolitana.

Somente pontos isolados do Rio Grande do Sul podem ter chuva forte com pancadas por vezes intensas ou torrenciais e temporais, sobretudo na fronteira com o Uruguai, Campanha e o Sul. No geral, grande parte do estado terá pouca água no dia de hoje.

Chance maior de chuva forte na primeira metade do dia em localidades mais ao Oeste e o Sul do estado. No Sul, a instabilidade será mais persistente por estar sob o vórtice ciclônico (rosca) da baixa pressão durante grande parte do dia e alguns pontos devem ter mais de 50 mm apenas nesta sexta-feira.

Projeção de chuva acumulada entre 21h de quinta e 21h desta sexta do modelo WRF | METSUL

Já nas demais regiões do Rio Grande do Sul a chuva será por demais irregular. Chove em vários pontos, mas haverá municípios gaúchos da Metade Norte em que não cairá uma gota sequer nesta sexta. Com efeito, na maior parte do território gaúcho os volumes de precipitação vão ser baixos hoje, com exceção de pontos isolados e das áreas do Oeste e do Sul que sofrerão os efeitos do eixo do sistema de baixa pressão.

O que esperar de vento

Ciclones ou vórtices ciclônicos habitualmente trazem vento e quando um ciclone extratropical é intenso e o gradiente de pressão significativo o vento tende a ser forte a muito forte e com rajadas por muitas horas seguidas. Não é o caso deste sistema meteorológico do dia de hoje.

Grande parte do Rio Grande do Sul terá somente vento fraco ou no máximo moderado sem qualquer risco nesta sexta-feira, mesmo com a presença de um ciclone que se formou sobre o continente e no estado gaúcho. O vento não deve superar 30 km/ou 40 km/h na maior parte das cidades gaúchas.

Rajadas de vento podem ocorrer acompanhando pancadas de chuva forte pela passagem do vórtice do sistema no Oeste, fronteira com o Uruguai e o Sul gaúcho, como já se observou na madrugada em Uruguaiana.

O modelo WRF indica a possibilidade de um campo de vento moderado a forte com rajadas de 40 km/h a 70 km/h atuar no Sul gaúcho de manhã e se deslocar durante a tarde para a região da Lagoa dos Patos, a área de Porto Alegre e depois o Litoral Norte. Na rodada da 0Z de hoje, este modelo reduziu a velocidade do vento em relação ao que projetava ontem.

Já o modelo europeu projeta cenário distinto com as maiores velocidades de vento, entre 40 km/h e 60 km/h em média com marcas superiores apenas isoladas, para a região da Metade Oeste do Rio Grande do Sul.

Com isso, grande parte do Rio Grande do Sul, além de não ter maiores efeitos de chuva, da mesma forma não sofrerá impactos relevantes de vento. O Sul e o Leste do estado é que podem ter vento mais forte com rajadas em alguns momentos, mas sem velocidades muito altas e que ofereçam risco significativo de transtornos.