Um ciclone extratropical se forma nesta quarta-feira no Centro da Argentina e alerta-se que o processo de ciclogênese (formação do sistema) pode trazer novos episódios de tempo severo no Rio Grande do Sul à medida que a frente fria associada ao ciclone deve avançar para o estado gaúcho e encontrar uma massa de ar muito quente em sua dianteira.

A MetSul enfatiza que este ciclone não será intenso e muito menos terá caráter explosivo. Sua pressão mínima central vai oscilar entre 996 hPa e 1.000 hPa na maior parte do período que estiver sobre o continente e perto da costa.

Um centro de baixa pressão térmico que nesta terça favoreceu temperatura de 41ºC em Assunção, no Paraguai, vai avançar para o Sul e ao chegar na região da província de Buenos Aires deve rapidamente se aprofundar e dar origem ao ciclone extratropical.

Vai chamar muito a atenção nas imagens de satélite entre esta quarta e a quinta-feira a presença de uma espiral de nuvens sobre a província de Buenos Aires, uma vez que o ciclone extratropical em seu momento inicial vai estar sobre o continente, na altura da capital da Argentina.

Projeção do modelo europeu para quarta-feira | ECMWF

O ciclone durante esta quarta e o começo da quinta vai ficar quase estacionário sobre a província de Buenos Aires com lento deslocamento até a tarde de quinta, o que vai trazer rajadas de vento, chuva e risco de granizo isolado na província argentina. Com a maior vorticidade da atmosfera, mesmo formações de funis não são descartadas na região.

Da tarde para a noite da quinta, a tendência é de o ciclone mova-se mais para Leste, o que fará com que alcance o Rio da Prata e o Sul do Uruguai. O seu deslocamento continuará bastante lento no sentido Leste.

Projeção do modelo europeu para sexta-feira | ECMWF

De sexta para sábado, a previsão é que o ciclone extratropical já sobre o Oceano Atlântico mova-se no sentido Leste-Sudeste e comece a se afastar do continente, a Leste da foz do Rio da Prata. Nenhum dado indica que o centro de baixa pressão chegaria ao Rio Grande do Sul.

O ciclone terá efeitos no Sul do Brasil, mas não se espera vento ciclônico forte. A sua formação gerará uma frente fria que começa a ingressar pelo Oeste gaúcho na noite desta quarta-feira, na altura de Uruguaiana e Quaraí, com chuva forte e risco de temporais. A frente depois se desloca pelo restante do Sul do Brasil e atinge o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil até sexta-feira.

Vento mais forte do ciclone será na região do Prata | ECMWF

A MetSul adverte que a frente fria associada ao ciclone pode trazer mais uma vez muita chuva e temporais de vento e granizo em pontos do Oeste e do Sul do Rio Grande do Sul entre a madrugada e a manhã desta quarta. Preocupa a perspectiva para o Sul gaúcho que pode ter chuva muita intensa com volumes só nesta quarta acima de 100 mm em alguns pontos, e que pode vir acompanhada de rajadas de vento de 60 km/h a 80 km/h. Nas demais regiões, os volumes de chuva serão menores, mas isoladamente podem ocorrer pancadas fortes e ainda tempestades localizadas de vento.

Outro efeito será impulsionar ar mais frio durante a segunda metade da semana para o estado gaúcho com noites de temperatura mais baixa, mas sem expectativa de frio intenso. Isso porque entre quinta e sexta o ciclone deve trazer circulação de nuvens que impedirão resfriamento maior à noite e dias com períodos de sol intercalados com momentos de nublado a encoberto. A circulação ciclônica pode trazer chuva mais no Sul gaúcho na quinta.

Ciclones extratropicais ocorrem em todas as épocas do ano, mas este período de transição da primavera climática costuma trazer muitas destas formações porque passa a ser mais frequente o encontro de massas de ar quente e frio nas latitudes médias do continente, o que traz também aumento da frequência de temporais.