Força de Defesa do Malawi, (MDF) soldados e civis trabalham para recuperar o corpo de uma vítima de um deslizamento de terra após as fortes chuvas resultantes do ciclone Freddy no assentamento de Manje, nas encostas da colina de Soche em Blantyre, Sul do Malawi, em 17 de março. | AMOS GUMULIRA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O número de vítimas do ciclone Freddy, que causou inundações e impressionantes deslizamentos de terra na África Meridional, pode passar de 1.200 mortos no Malauí, já que as esperanças de encontrar sobreviventes diminuem a cada dia, informaram autoridades e a polícia nesta quinta-feira.

O ciclone matou pelo menos 676 pessoas no Malauí, o epicentro da catástrofe. E o Departamento Nacional de Gestão de Desastres afirma que que as chances de encontrar os 538 desaparecidos, mais de duas semanas após o desastre, são extremamente pequenas.

As operações de rastreamento com cães continuam em alguns lugares, disse seu responsável, Charles Kalemba, na quarta-feira, sobretudo, na cidade de Blantire, duramente atingida. “Em vista do número de dias decorridos, as chances de encontrar pessoas com vida são mínimas. Vamos esperar que a polícia declare quando poderemos considerar que as pessoas desaparecidas faleceram”, acrescentou.

Esta decisão ainda é prematura, disse o porta-voz da polícia, Harry Namwaza, à AFP, na quinta-feira. “A polícia e o exército continuam as buscas. Quando terminarmos este processo, vamos declarar que os desaparecidos são dados como mortos”, afirmou, sem anunciar algum prazo.

Formado no início de fevereiro na costa da Austrália, o ciclone fez uma travessia inédita de mais de 8.000 km de Leste a Oeste no Oceano Índico. Além das graves baixas no Malauí, Freddy também deixou 165 mortos em Moçambique, e 17, em Madagascar, segundo a ONU.

O equivalente a seis meses de chuva caiu no Sul do país em um intervalo de seis dias, o que provocou inundações e deslizamentos de terra. “Mais de 500 mil pessoas foram afetadas desde 12 de março”, segundo a ONU. Cerca de 180 mil pessoas perderam suas casas.

Autoridades montaram mais de 300 abrigos para as vítimas e mobilizaram o Exército e a polícia para administrar a crise. A destruição ainda dificulta a chegada de ajuda e equipamentos humanitários, alertou o Programa Mundial de Alimentos (PAM).

O fenômeno atingiu inicialmente o sul da África no fim de fevereiro, mas afetou, principalmente, Madagascar e Moçambique, e causou danos limitados no Malauí, localizado no interior do continente. Segundo meteorologistas, sua duração excepcional e outras características do ciclone estão ligadas às mudanças climáticas.

Mais de 280 mil crianças precisam com urgência de ajuda humanitária, alertou a porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Fungma Fudong. “Existe um risco de que o surto de cólera atual se agrave, uma vez que as crianças são as mais vulneráveis a essa crise”, disse Fungma à AFP.