Cerca de 2.000 pinguins apareceram mortos na costa do Uruguai nos últimos 10 dias, e a causa, que não parece ser a gripe aviária, permanece um mistério, disseram as autoridades. Experts a área ambiental, entretanto, apontam uma provável causa: o intenso ciclone que se formou sobre o Rio Grande do Sul no dia 12 de julho e avançou para o Atlântico.
Os pingüins de Magalhães, a maioria jovens, morreram no Oceano Atlântico e foram levados pelas correntes até a costa uruguaia, disse Carmen Leizagoyen, chefe do departamento de fauna do Ministério do Meio Ambiente.
“Isso é mortalidade na água. Noventa por cento são espécimes jovens que chegam sem reservas de gordura e com o estômago vazio”, disse ela, destacando que todas as amostras coletadas deram negativo para gripe aviária.
Os pinguins de Magalhães chegam do Sul da Argentina. No inverno do Hemisfério Sul, eles migram para o Norte em busca de alimentos e águas mais quentes, chegando até a costa do estado brasileiro do Espírito Santo.
“É normal que algum percentual morra, mas não esses números são muito altos”, disse Leizagoyen, lembrando que mortandade semelhante ocorreu no ano passado no Brasil, por motivos indeterminados.
Hector Caymaris, diretor da área protegida de Laguna de Rocha, disse à AFP que contou mais de 500 pinguins mortos ao longo de dez quilômetros da costa atlântica. Os defensores do meio ambiente atribuem o aumento das mortes de pinguins de Magalhães à sobrepesca e à pesca ilegal.
“A partir dos anos 1990 e 2000, começamos a ver animais com falta de comida. O recurso está superexplorado”, disse à AFP Richard Tesore, da ONG SOS Marine Wildlife Rescue. Um ciclone subtropical no Atlântico, que atingiu o sudeste do Brasil em meados de julho, provavelmente causou a morte dos animais mais fracos devido ao mau tempo, acrescentou.
“O panorama é bastante deprimente, triste. Estamos enfrentando uma grande mortandade de pinguins e principalmente aqui, em La Paloma, mas na verdade em toda a costa do Uruguai”, lamentou Pablo Sena, responsável pela comunicação do município de La Paloma, em entrevista coletiva.
Além de pinguins, Tesore disse ter encontrado recentemente petréis, albatrozes, gaivotas, tartarugas marinhas e leões marinhos mortos nas praias de Maldonado, departamento a Leste da capital Montevidéu.
“Tirando outras conclusões, na semana passada houve um grande ciclone que não atingiu a costa uruguaia, mas foi bastante forte no Atlântico e isso também pode ser uma das causas que ajudaram a aumentar ainda mais essa mortalidade”, acrescentou Sena.
No ano passado, centenas de pinguins e outros animais apareceram mortos em praias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Foi após um intenso ciclone extratropical no oceano com ventos acima de 100 km/h.