A Marinha do Brasil confirmou em sua carta sinótica das 21h do domingo (25), publicada em seu sítio na madrugada de hoje, a formação da tempestade subtropical Mani na costa do Sudeste do Brasil, indicando uma pressão mínima central do sistema de 1006 hPa com 22ºS de latitude Sul e 39º de longitude Oeste, movendo-se lentamente na direção Leste-Sudeste, afastando-se do continente.

Ao evoluir do status de depressão subtropical (não é nomeada) para uma tempestade subtropical pela intensificação do vento, o sistema acabou nomeado e recebendo o nome de Maní.

Em seu aviso de mau tempo para a navegação, a Marinha do Brasil adverte para vento com força 7 a 8 (50 a 70 km/h) e rajadas de até força 9 na escala Beaufort (88 km/h) na área marítima, com o vento mais forte se concentrando sobre o Oceano Atlântico junto ao Sudeste do Brasil e a área costeira da Bahia, mais ao Sul.

Tempestade subtropical Maní às 7h de 26/10/2020 na imagem de satélite

A última tempestade subtropical no Atlântico Sul antes de Mai foi a Kurumí, que atuou entre os dias 23 e 25 de janeiro deste ano, e se formou na mesma região em que agora está Mani. Normalmente, estes sistemas considerados anômalos ou atípicos se formam nos meses de verão e do outono, quando as águas do Atlântico estão mais aquecidas, logo uma tempestade subtropical ainda no mês de outubro foge ao que normalmente é observado.

Em boletim publicado na semana passada, a MetSul advertia que a passagem de uma onda Kelvin acoplada à convecção (CCKW) passaria neste fim de outubro pelas longitudes do continente americano, o que favorece a ciclogênese. Por isso, o cenário se tornou propício para formação de ciclones no Atlântico.

Neste momento, no Atlântico Norte há a tempestade tropical Zeta no Oeste do Caribe e que deve se transformar em furacão nos últimos dias da temporada oficial de furações, a tempestade subtropical Maní na costa do Sudeste do Brasil, e nesta terça-feira vais se formar um vórtice ciclônico sobre o Leste do Rio Grande do Sul.

Ciclones podem ser extratropicais (centro de baixa pressão com perfil frio), subtropical (centro da baixa pressão com características extratropicais e tropicais), e tropicais (centro de baixa pressão com perfil quente). Os sistemas mais intensos costumam ser os tropicais, quando atingem o status de furacão, e os extratropicais que experimentam uma intensificação muito rápida (ciclogênese explosiva).

Diferentemente dos furacões em que o campo de vento é mais concentrado e se dá na parede do olho e ao redor, nos ciclones subtropicais como Maní – assim como nos ciclones extratropicais – o campo de vento é mais extenso e capaz de atingir áreas mais distantes do centro da área de baixa pressão.

É importante enfatizar que este sistema na costa do Sudeste do Brasil não se trata de um novo ciclone bomba que se caracteriza por muito rápida intensificação (queda da pressão central de ao menos 24 hPa em 24 horas). O que os modelos indicam é um ciclone de características subtropicais, e áreas de baixa pressão são por natureza ciclônicas, e que não chegaria a se muito profunda com nenhum dado indicando pressão mínima central abaixo de 1.000 hPa.

Mesmo não se esperando uma maior intensificação deste sistema e o seu afastamento do continente no decorrer da semana, este tipo de ciclone exige sempre muita atenção porque trajetória e intensidade em ciclones subtropicais e, principalmente, tropicais podem mudar muito em questão de horas, dependendo do ambiente oceânico (temperatura do mar) e divergência de vento (shear) na atmosfera.

Este sistema de baixa pressão deve trazer muita chuva neste começo de semana em diversos pontos de Minas Gerais, especialmente o Sul e o Leste do Estado, além do risco alto de temporais com pancadas localmente torrenciais com altos volumes em curtos períodos, e ainda o risco de granizo e vento forte isolado.

Ontem, a circulação de umidade deste sistema tropical subtropical ao interagir com o ar tropical quente e úmido sobre o Sudeste do Brasil trouxe chuva muito forte e volumosa na cidade de São Paulo com problemas de muitos alagamentos e transtornos para a população.

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O estado mais atingido, entretanto, deve ser o Espírito Santo com chuva volumosa e que pode exceder 100 mm em diversos municípios. Por efeito de orografia (relevo), algumas áreas podem ter até 150 mm a 200 mm. Com isso, alerta-se para o risco de inundações relâmpago e a possibilidade de deslizamentos de terra em áreas de encostas. Pode ainda ventar com rajadas de 60 km/h a 80 km/h, especialmente em áreas costeiras.

A MetSul Meteorologia destaca que o Norte do estado do Rio de Janeiro e também o Sul da Bahia devem sentir os efeitos deste sistema agora no começo da semana na forma de chuva e vento moderado com ocasionais rajadas.