Zoom Earth

Um sistema de baixa pressão em altura deu origem a um ciclone atípico no Pacífico, na costa do Chile, em fenômeno que chamou a atenção de meteorologistas chilenos e internacionais. O sistema já se dissipou e foi de vida curta, mas enquanto atuou no Pacífico Sul se sobressaía nas imagens de satélite da região.

O ciclone é atípico porque apresentou características subtropicais com a espiral de nuvens de natureza convectiva, chegou a formar um olho no centro da tempestade oceânica brevemente, e se formou numa área em que nesta época do ano não deveriam se formar ciclones com a presença durante o verão na zona de um anticiclone subtropical.

O ciclone se dissipou e entra em fase agora com um cavado (área alongada de menor pressão atmosférica) que avançará para o extremo Sul do continente, juntamente com uma frente fria, trazendo chuva para o Sul do Chile e da Argentina, na Patagônia, que pode ter altos volumes.

Altos acumulados de precipitação são esperados na região dos lagos e de Aysén. O pior da chuva deve ocorrer no lado chileno, a Oeste dos Andes, com inundações e deslizamentos de terra pelos acumulados de 100 mm a 200 mm em algumas áreas.

Meteorologistas internacionais observam, com razão, que o ciclone na costa do Chile apresentava ontem características tipicamente subtropicais pela clássica espiral de nuvens e de natureza convectiva. Era um sistema ainda segregado de uma frente e que se originou a partir de gradiente vertical de temperatura.

Zoom Earth

A Marinha do Chile (Armada), entretanto, em suas cartas sinóticas, não classificou o sistema como subtropical nem nomeou a tempestade. Apesar de incomum, o ciclone subtropical deste começo de ano na costa chilena não é um evento inédito. Há precedentes na zona como os ciclones subtropicais Katie de 2015 e Lexi de 2018. O sistema de 20218 ganhou atenção mundial e foi destaque na NOAA.

Ciclones como este são raros porque esta é uma área do Oceano Pacífico topicamente muito fria para suportar o desenvolvimento de ciclones tropicais. Uma das razões é que existe um processo chamado ressurgência que traz águas profundas e frias para perto da costa chilena.

O Chile também está localizado em uma área de padrão de circulação global da atmosfera em que o ar normalmente vai de cima para baixo (subsidência), o que desfavorece este tipo de ciclone.

Normalmente, as áreas de baixa pressão segregadas que se formam na região se dão no outono, às vezes avançando para o Norte do Chile com chuva no Atacama que deixa depois o deserto florido, mas não em janeiro.