O ciclone extratropical que se formou na costa Sudeste do Rio Grande do Sul na sexta e se intensificou durante este fim de semana à medida que se distanciava do continente é enorme. Imagens de satélite mostram que o diâmetro do seu vórtice, de Sul a Norte, se estende por cerca de três mil quilômetros.
Um ciclone extratropical é um centro de baixa pressão atmosférica onde o vento circula no sentido do ponteiro do relógio no Hemisfério Sul. Os ciclones extratropicais são gerados por grande contraste térmico.
Uma grande área com pressão baixa favorece a elevação do ar formando nuvens de grande desenvolvimento vertical com potencial para chuva volumosa e vento forte com rajadas acima de 100 km/h no seu centro.
Os ciclones fazem parte da climatologia do Rio Grande do Sul, ou seja, são fenômenos corriqueiros que podem ocorrer em qualquer época do ano. O que determina a magnitude de seus impactos é a proximidade do continente e o quanto a pressão irá baixar em seu centro.
O ciclone extratropical deste fim de semana chegou a ter pressão atmosférica mínima central abaixo de 980 hPa e foi responsável ontem por rajadas de vento de 90 km/h tanto no Litoral Sul como no Litoral Norte gaúcho. No Planalto Sul de Santa Catarina, o vento no sábado chegou a mais de 100 km/h.
Este ciclone enorme sobre mar aberto gerou um grande swell com maré de tempestade e ressaca do mar nos litorais do Sul do Brasil e do Rio de Janeiro. Houve erosão costeira e danos no litoral gaúcho enquanto no Rio de Janeiro um jovem está desaparecido após ter sido levado pela ressaca.
A imagem hemisfério do disco completo do satélite meteorológico GOES-16, da NOAA e NASA, mostrava a enorme dimensão deste ciclone extratropical no Atlântico Sul com a sua espiral de nuvens enorme no sistema meteorológico de maior dimensão hoje em todo o hemisfério. A frente fria associada ao ciclone alcançava o Espírito Santo e o extremo Sul da Bahia.
Segundo análise do modelo meteorológico europeu das 9h deste domingo, a pressão atmosférica mínima central no sistema era de 982 hPa. Na noite de ontem, às 21h, a pressão estava em 979 hPa. Ontem, às 9h, a pressão era de 992 hPa.
O centro do ciclone extratropical estava na manhã deste domingo nas coordenadas geográficas 36ºW e 35ºS, portanto já distante do continente e da costa brasileira, mas o campo de vento intenso sobre o oceano é muito extenso, alcançando centenas de quilômetros, e gerava o forte swell que trazia maré de tempestade e ressaca nos litorais do Sul e do Sudeste do Brasil.
A tendência é que o ciclone siga se afastando do continente nesta segunda-feira e que a ressaca diminua no Sul do Brasil, mas a ondulação pode aumentar com o avanço do swell na costa do estado do Espírito Santo e no litoral Sul da Bahia.