Satélites meteorológicos da NASA registraram ontem um verdadeiro “desfile” de ciclones entre o Brasil, na América do Sul, e a África. Três ciclones podiam ser vistos nas latitudes médias e um quarto era observado mais ao Sul, perto da Antártida. Um “trem de baixas pressões”, como se diz no jargão meteorológico, e que mexia com o tempo no Atlântico Sul e adjacências.
Dois dos sistemas meteorológicos em mar aberto eram enormes com a grande espiral de nuvens do ciclone na costa do Sul do Brasil e outra no meio do Atlântico. O terceiro ciclone das latitudes médias, e que avançou do Atlântico, podia ser visto ao Sul da África do Sul. Todos se movem de Oeste para Leste e não oferecem risco ao território brasileiro.
Ciclones extratropicais são comuns no Atlântico Sul e ocorrem em todos os meses do ano, mas neste começo de novembro havia mais sistemas desta natureza do que se costuma observar nesta época do ano. Os ciclones extratropicais são mais frequentes no Hemisfério Sul nos meses de inverno.
Um ciclone extratropical é um centro de baixa pressão atmosférica onde o vento circula no sentido do ponteiro do relógio no Hemisfério Sul. Os ciclones extratropicais são gerados por grande contraste térmico. Uma grande área com pressão baixa favorece a elevação do ar formando nuvens de grande desenvolvimento vertical com potencial para chuva volumosa e vento forte com rajadas acima de 100 km/h no seu centro. Por isso, os ciclones extratropicais costumam gerar problemas no continente por vento e chuva.
Os ciclones fazem parte da climatologia do Rio Grande do Sul, ou seja, são fenômenos corriqueiros que podem ocorrer em qualquer época do ano. O que determinará a magnitude de seus impactos é a proximidade do continente e o quanto a pressão irá baixar em seu centro. Um dos critérios para definir o fenômeno como ciclone é a pressão em seu centro baixar de 1005 hPa, quando baixa de 1000 hPa é considerado mais intenso e de maior risco.
O ciclone que influenciou o tempo ontem no Rio Grande do Sul com muito vento no estado segue se afastando do continente e, por isso, o vento é calmo a fraco neste domingo no território gaúcho. Como se trata de um sistema que segue intenso, as imagens do ciclone que se formou na nossa costa ainda impressionavam na manhã deste domingo.
A maior rajada de vento registrada por estação meteorológica no Rio Grande do Sul por conta da atuação do ciclone foi de 89 km/h na barra do Porto de Rio Grande do Sul, no Litoral Sul gaúcho. O porto fechou para operações devido ao vento e ao mar agitado ainda no começo da noite de sexta-feira.
Outras medições do sábado por estações meteorológicas no Rio Grande do Sul indicaram rajadas de vento de 78 km/h na Barra do Chuí, 75 km/h em Capão do Leão (Pelotas) e 72 km/h em Tramandaí, todas estações litorâneas ou do Leste gaúcho, logo próximas da costa.
Em Porto Alegre, a ventania mais forte ocorreu na noite de sexta-feira, quando rajadas perto de 70 km/h eram anotadas no Aeroporto Salgado Filho, mas com força maior dentro da cidade devido ao efeito da topografia e do relevo da cidade que “encana” o vento entre morros e prédios, acelerando a velocidade.
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