Ciclone extratropical vai se formar a Sudeste do Uruguai nesta quinta-feira (24) e vai dar origem a uma frente fria que vai avançar para o Rio Grande do Sul com risco de vento forte em diversas regiões antes e durante a passagem do sistema frontal, o que poderá trazer transtornos em algumas localidades.
Inicialmente, frente quente e uma área de baixa pressão atuam sobre o território uruguaio com chuva localmente forte a intensa e muitos raios, havendo ainda o risco de temporais isoladamente fortes a severos. O centro de baixa pressão vai se aprofundar junto à costa uruguaia e migrar para Sudeste, aprofundando-se e dando origem a um ciclone extratropical. O sistema deve ter pressão atmosférica mínima central de até 988 hpa a Sudeste de Montevidéu no final da quinta-feira e no começo da sexta.
A MetSul Meteorologia enfatiza que não se tratará de uma ciclogênese explosiva, assim não haverá um episódio de ciclone bomba. Ciclones extratropicais, cabe recordar, são comuns no Atlântico Sul em qualquer época do ano, especialmente nos meses frios do ano.
Formação do ciclone extratropical induzirá forte vento Norte
O aprofundamento do centro de baixa pressão (ciclone) na costa uruguaia intensificará e muito uma corrente de jato em baixos níveis (JBN) sobre parte do território uruguaio e o estado gaúcho nesta quinta-feira antes da chegada de uma frente fria. Uma corrente de jato em baixos níveis é um corredor de vento forte que se origina na Bolívia a cerca de 1.500 metros de altitude e se estende até o Rio Grande do Sul, e que costuma preceder frentes frias.
Os mapas abaixo, disponíveis ao assinante na seção de mapas, mostram a projeção de vento no nível de pressão de 850 hPa, ou 1.500 metros de altitude, a partir do modelo norte-americano GFS, em que se observa com nitidez a corrente de jato. Chama atenção que será um jato intenso com vento de 100 km/h a 130 km/h, o que não é comum, e só costuma ocorrer com a oclusão de uma frente, no caso a formação do ciclone.
Diante do cenário de uma intensa corrente de jato sobre o Rio Grande do Sul, a MetSul adverte para o risco vento do quadrante Norte quente e seco precedendo a chegada da frente ao longo da quinta-feira.
O vento deve ser moderado a forte em diversas regiões, mas, especialmente, nos vales e áreas de encosta de Serra que podem ter rajadas intensas, da ordem de 80 km/h a 100 km/h e superiores em alguns pontos.
O vento Norte ainda vai favorecer elevação da temperatura e marcas elevadas nestas regiões sujeitas a aquecimento adiabático por força do relevo.
Entre as regiões de maior risco de vento forte a intenso do quadrante Norte amanhã, pela topografia local, estão os vales e a área de Santa Maria.
Risco de vento forte também na passagem de uma frente fria
O ciclone extratropical no Uruguai dá origem a uma frente fria. A frente sobre o país vizinho no primeiro momento será quente, mas o ciclone impulsionará uma massa de ar frio que movimentará o sistema frontal para o Norte como uma frente fria.
A frente fria associada ao ciclone traz chuva desde o começo da quinta para o Oeste e o Sul gaúcho, podendo ser localmente forte a torrencial com risco de temporais isolados de vento forte e granizo. As demais regiões gaúchas começam a quinta com vento Norte, ar seco e quente, e temperatura alta para junho. Em muitas cidades, o sol pode aparecer com nuvens antes da chegada da frente e a chuva.
A frente avança pelo território gaúcho ao longo do dia, levando chuva para todas as regiões do Estado. O sistema deve enfraquecer e perder atividade, o que fará com que os volumes de precipitação não sejam muito altos na maioria das localidades. Por outro lado, a frente poderá trazer vento forte na sua chegada em algumas áreas, com risco de vendavais localizados com potencial para danos e transtornos.
Há risco de tornados?
A MetSul Meteorologia destaca que não se pode descartar a possibilidade de ocorrência de tornados na chegada da frente fria ao Rio Grande do Sul. O cenário sinótico com uma frente fria interagindo com uma intensa corrente de jato em baixos níveis é o típico que leva à ocorrência de atividade tornádica, especialmente nos meses de inverno.
Tornados são fenômenos de microescala, atingindo em regra poucas centenas de metros, não sendo possível antecipar com antecedência exceto de poucos minutos onde vão se formar exatamente. Nesta época do ano, pela climatologia histórica, em situações sinóticas semelhantes do passado, o risco foi maior em cidades de mais alta altitude da Metade Norte gaúcha.
Haverá vento do ciclone extratropical?
Quando há um ciclone extratropical é comum que ocorram rajadas de vento forte por muitas horas consecutivas, o que se denomina de vento ciclônico. Quando sopra, as rajadas são mais fortes no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, incluindo a região de Porto Alegre.
A MetSul destaca, contudo, que não há expectativa de vento ciclônico neste episódio. O vento pode ser forte pela corrente de jato em baixos níveis (vento Norte) que se intensificará no ambiente ciclogenético (formação do ciclone) e durante a passagem da frente fria associada ao sistema, mas depois o vento será predominantemente fraco e as rajadas fortes decorrentes do ciclone devem se concentrar sobre o Atlântico Sul em áreas distantes do Rio Grande do Sul.