O nível do Rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai, atingiu hoje o pico máximo da semana, à meia-noite, com 124,98 metros na Ponte da Amizade. É a terceira maior cheia de todos os tempos. A cota só perde para os níveis de 1983 e 1992, quando foram vistas as maiores enchentes locais. De acordo com o último Boletim Hidrológico de Itaipu, divulgado na manhã desta terça-feira, o nível do Rio Paraná subiu 16 metros em 25 horas desde o início em que as primeiras casas foram afetadas, quando o nível do rio estava em 109 metros. Em outros episódios semelhantes, a elevação ocorreu num espaçamento maior, de aproximadamente 48 horas, sinalizando uma cheia veloz. Na confluência, encontro dos rios Iguaçu e Paraná, no Marco das Três Fronteiras, logo abaixo das Cataratas do Iguaçu, o pico máximo registrado foi às 17 horas de ontem com 50 mil metros cúbicos (ou 50 milhões de litros) de água por segundo (foto abaixo de @aleamell), segundo Itaipu. 


A chuva extrema ocorrida na bacia do Rio Iguaçu nos últimos dias e as conseqüências hidrológicas no Rio Paraná colocam a Argentina e o Paraguai em alerta. E com toda a razão. Áreas dos dois países devem sentir os efeitos da enorme vazão nos próximos dias e semanas. O quadro preocupa no Paraguai e nas províncias argentinas de Misiones, Corrientes, Chaco, Entre Rios e Santa Fé. A cheia chegará até quase a área de Buenos Aires à medida que o grande volume de água avança para o Sul.


O cenário de uma grande cheia do Paraná é muito possível a se julgar pelo que se vê na região de Foz e Ciudad del Este. A bacia passou por grandes cheias em 1983, 1992 e 1998. Em 1983, na cidade de Corrientes, o nível chegou a mais de 8,6 metros, batendo o recorde anterior de 1905. Em 1992 foi a 7,2 metros. E em 1998 atingiu 8,38 metros no Super El Niño daquele ano. Em 1983, em Formosa, mais de 70 mil pessoas foram desabrigadas pela cheia do Paraná no outono daquele ano.