Graves inundações atingiram várias cidades da França depois de volumes de chuva descritos como excepcionais ontem e nos últimos dias, provocando uma enorme mobilização estatal para socorrer os afetados. A chuva castigou duramente o Centro-Leste da França, o Sudeste do país e Ile-de-France. Dez departamentos permanecem em alerta laranja.
Os serviços de emergência realizaram 2.300 intervenções até o momento no episódio de chuva mais violento na cadeia montanhosa de Cevenas “em 40 anos”, o que permitiu salvar vidas, observou nesta sexta-feira o primeiro-ministro Michel Barnier.
O chefe do Governo manifestou a sua “solidariedade e apoio” às vítimas do mau tempo, na sequência de uma visita ao Centro Operacional de Gestão Interministerial de Crises, ao lado do ministro do Interior, Bruno Retailleau.
Assegurou que seria dada “prioridade” ao restabelecimento do tráfego rodoviário e ferroviário entre Saint-Étienne e Lyon, especificando que a Ministra da Transição Ecológica e Energia Agnès Pannier-Runacher e o Ministro para a Segurança, Nicolas Daragon, iriam hoje também em Ardèche e no Loire.
Quase 3.000 bombeiros permanecem mobilizados nesta sexta-feira. Um helicóptero da gendarmaria faz voos de reconhecimento sobre as áreas do desastre para avaliar os danos.
“Estamos diante de algo enorme”, comentou na BFM TV/RMC a ministra da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher. Segundo ela, “devemos preparar-nos para o ressurgimento deste tipo de episódios ligados às alterações climáticas”.
Depois das enchentes, a limpeza. No Haute-Loire, departamento particularmente afetado pelo mau tempo dos últimos dias, moradores, agentes municipais e bombeiros estão se organizando para limpar a lama e os danos causados pelas chuvas e inundações.
“É uma situação sem precedentes na sua escala: 600 milímetros de água no Ardèche são inéditos na memória”, disse a ministra Agnès Pannier-Runacher durante uma entrevista coletiva. “São mais de 600 milímetros que caíram em 48 horas”, descreveu.
Em Ardèche, o episódio de chuva em Cévennes é o maior em dois dias já registrado, de acordo com o serviço meteorológico oficial francês Météo-France. Muitas áreas já haviam sido afetadas na semana passada pela depressão atmosférica Kirk. As fortes chuvas contribuíram para que os solos ficassem completamente saturados de água.
Seis departamentos foram colocados em alerta vermelho de chuva extrema e de inundações ontem, o que o Mété-France chamou de “excepcional”. Em 20 anos, apenas o episódio de janeiro de 2022 teve o mesmo número de departamentos simultaneamente em alerta vermelho para chuva extrema e inundações.
Em Lozère e Ardèche, marcas de 200 mm do episódio foram generalizadas ao longo das montanhas Lozère Cévennes e Vivarais, com acumulações locais claramente superiores a 600 mm em dois dias. Ao longo de todo o episódio, ou seja, 60 horas, os acumulados até 9h desta sexta (hora de Paris) foram de 694 mm em Mayres (Ardèche), ou mais de 2 meses de chuva, o que é um valor sem precedentes para todos os meses combinados; e 686 mm em Loubaresse (Ardèche), ou mais de 2 meses de chuva, o que é também um valor inédito para todos os meses somados.
Nos Alpes Marítimos, as acumulações atingiram 30 a 60 mm na costa, com volumes isolados mais altos, como em Mandelieu-la-Napoule que registrou 149 mm. No interior, observou-se 100 mm a 150 mm com marcas locais de 200 mm a 300 mm em áreas de relevo, como em Caussols (1268 m) com 325 mm ou mesmo 256 mm em Coursegoules (985 m) e 156 mm em Saint Martin Vésubie (1000 m).
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