A capital da Coreia do Sul foi castigada pela chuva mais intensa em décadas que deixou pelo menos nove mortos, seis desaparecidos e catorze feridos. A chuva extrema causou inundações que submergiram partes da cidade, inundaram estações de metrô e causaram apagões na capital e em províncias vizinhas.

Homem caminha ao lado de carros quase submersos em uma rua inundada durante fortes chuvas no distrito de Gangnam, em Seul, na noite da segunda-feira | YONHAP/AFP/METSUL METEOROLOGIA

De acordo com o serviço meteorológico da Coreia do Sul (KMA), algumas áreas tiveram os mais altos acumulados de chuva em 80 anos. A previsão da agência meteorológica sul-coreana é de continuidade da chuva, em alguns momentos intensa.

A chuva inundou várias estações do metrô de Seul. Carros estacionados ficaram submersos até as janelas com os alagamentos e pessoas atravessavam as ruas com água na altura do joelho. Três dos mortos viviam em um apartamento subsolo, conhecido como banjiha, o que causou também mortes nas inundações na cidade de Nova York, no ano passado. Autoridades disseram que não conseguiram acessar o apartamento porque as águas da inundação atingiram níveis na altura da cintura na rua.

Cenas de destruição podiam ser vistas por toda a cidade de Seul na manhã desta terça, conforme os correspondentes da rede BBC. Muitas casas de subsolo, que evocam o filme vencedor do Oscar Parasita, estavam completamente tomadas pelas águas das inundações. No filme, a família que é o enredo principal tenta desesperadamente canalizar a água para fora de sua casa durante uma chuva torrencial, mas na vida real foi muito pior.

Partes de Seul, a cidade portuária ocidental de Incheon e a província de Gyeonggi ao redor de Seul registraram chuvas de mais de 100 mm por hora na noite da segunda, segundo a agência de notícias Yonhap. Enquanto isso, o distrito de Dongjak, em Seul, registrou mais de 141,5 mm de chuva por hora, segundo a Administração Meteorológica da Coreia (KMA). A precipitação horária de 141,5 mm em Dongjak também marca a taxa de chuva mais alta para Seul, superando o recorde de 118,6 mm registrado no verão de 1942.

Pelo menos 163 pessoas em Seul ficaram desabrigadas e se abrigaram em escolas e instalações públicas, segundo a Yonhap. A chuva também afetou o transporte público, pois as ferrovias inundadas forçaram a suspensão dos serviços ferroviários em Seul e Incheon. O presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol ordenou que funcionários do governo evacuassem moradores de áreas de alto risco e instou as empresas a conceder aos funcionários horários flexíveis.

Alagamentos no distrito de Gangnam, em Seul, na noite da segunda-feira | YONHAP/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Morador de Seul passa nesta terça por uma pilha de destroços e mercadorias danificadas no histórico Mercado Namseong, no distrito de Gangnam, em Seul, depois que chuvas recordes causaram inundações severas na capital sul-coreana | ANTTHONY WALLACE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Na tarde de terça-feira, hora local, muitos dos serviços públicos interrompidos tinham retornado, incluindo a linha 9 do Metrô de Seul, onde as inundações suspenderam parcialmente as operações. Alguns controles rodoviários na rodovia olímpica foram suspensos. Mas como as fortes chuvas começaram a atingir a área metropolitana de Seul novamente por volta das 18h, algumas partes do Norte da Linha 3 do Metrô de Seul suspenderam as operações por cerca de 30 minutos devido ao transbordamento.

O Ministério do Interior elevou seu nível de vigilância de danos por inundações de “alerta” para o mais alto “sério” à 1h de terça-feira. A partir das 6h, o centro e outras regiões do país estavam recebendo chuvas de até 50 mm por hora, com a precipitação acumulada em Seul atingindo 422 mm de segunda-feira até 8h de terça-feira, segundo a Administração Meteorológica da Coreia.

O Serviço Florestal da Coréia emitiu ainda alertas de deslizamento de terra em 47 cidades e condados em todo o país na manhã de terça-feira, incluindo nove distritos em Seul, partes das províncias de Incheon, Gyeonggi, Gangwon e Chungcheong do Norte e do Sul.