O clima vai beneficiar a agricultura na maior parte do Sul do Brasil nas próximas semanas, sem risco de um quadro de estiagem mais ampla que comprometa a evolução da safra de verão neste final de 2024, projetam os meteorologistas da MetSul Meteorologia a partir da análise de vários dados de modelos numéricos e outras ferramentas de previsão.
De acordo com a meteorologista Estael Sias, o pior cenário neste momento seria falta de chuva porque haveria impactos principalmente para a cultura de milho, entretanto o cenário observado para as próximas semanas indica um padrão de precipitação que vai ser favorável na maioria das áreas.
“Grandes estiagens como de 2012 e 2020 costumam se manifestar ainda nos meses de novembro e dezembro com escassez de chuva e grandes impactos para a cultura do milho, mas não é o cenário para este final de 2024”, observa Estael.
A meteorologista da MetSul observa que pontos bastante isolados do Rio Grande do Sul se ressentiram de chuva mais abundante nos últimos 30 dias com algum efeito localizado para a cultura do milho, como no Noroeste, mas que a chuva prevista para este fim de novembro e o início de dezembro deve dar um fôlego para os produtores de milho.
Um dos efeitos negativos da chuva, adverte, é para quem ainda não concluiu o trabalho de plantio. Isso porque a alta frequência de chuva, especialmente em cidades da Metade Norte, pode retardar o trabalho no campo.
“Mesmo o excesso é um risco para a agricultura em algumas áreas. Isso porque neste fim de novembro e no começo de dezembro algumas áreas do Sul do Brasil devem ter volumes localmente muito altos a excessivos de precipitação com risco de lavouras ficarem alagadas em alguns municípios”, observa a meteorologista da MetSul.
A ocorrência de chuva, dentre os seus benefícios, tem o aumento da umidade do solo, o que é crucial para a agricultura. O verão é a estação quente do ano, em que há maior perda de umidade do solo pela insolação e o calor, assim precipitação mais frequente e abundante entre novembro e dezembro tende a garantir uma maior reserva hídrica no solo.
Os dados analisados pela MetSul Meteorologia indicam que nos próximos sete a dez dias os acumulados de chuva podem ficar perto e acima da média em grande parte do Sul do Brasil, embora não em todas as áreas. Em algumas regiões, a chuva será muito volumosa.
Onde os dados indicam os maiores volumes de chuva para a agricultura no curto prazo é para o Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul, o Oeste e no Meio-Oeste de Santa Catarina, e a Metade Oeste do Paraná, onde os acumulados podem ser expressivos em muitas cidades.
Os volumes de chuva, de acordo com os modelos analisados pela MetSul Meteorologia, em apenas sete dias nestas regiões podem exceder a média de todo o mês de dezembro com acumulados de 100 mm a 150 mm, mas que localmente até devem ser superiores.
As análises de longo prazo da MetSul apontam que dezembro não deve ser um mês seco na maior parte ou quase todo o Sul do Brasil com precipitações próximas ou acima das média históricas em grande número de localidades, especialmente produtoras de soja e milho.
Onde há maior risco de a chuva ficar abaixo da média será em pontos mais ao Sul do Rio Grande do Sul, onde a cultura predominante é a do arroz, apesar de que nos últimos anos houve um avanço das lavouras de soja na região.
A condição atual do Oceano Pacífico é de neutralidade fria, sem La Niña, mas com anomalias de temperatura do mar abaixo da média no Pacífico Central-Leste. Na costa do Peru, no entanto, a temperatura do mar nos últimos dias ficou acima da média, e esta região do oceano costuma ter reflexos na chuva do Sul do Brasil, logo as precipitações mais abundantes previstas para o Sul do país estão dentro do que poderia se esperar com o aquecimento do Pacífico Leste.
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