Setembro de chuva abaixo da média acende alerta para a agricultura gaúcha. O mês terminou com precipitação inferior aos padrões históricos no Rio Grande do Sul e em algumas áreas os volumes no mês sequer alcançaram 20% da média histórica mensal, em uma época decisiva para a formação de reserva hídrica para o verão.

De acordo com dados de estações do Instituto Nacional de Meteorologia, a chuva no mês de setembro em Uruguaiana foi de apenas 15,2 mm ou 17% da média histórica (série 1991-2020) de 86,6 mm. O mesmo ocorreu no extremo Sul gaúcho, onde em Santa Vitória do Palmar foram registrados no mês apenas 21,6 mm ou 22% da média histórica de setembro de 97 mm.

Na Campanha, Bagé encerrou setembro com somente 67,9 mm ou 50% da normal histórica de precipitação mensal de 135,6 mm. No Noroeste gaúcho, tão-somente 43,4 mm se precipitaram em São Luiz Gonzaga, o que corresponde a somente 29% da média mensal de 146,6 mm. Em Cruz Alta, apenas 33% da normal de chuva do mês com 53,5 mm, valor muito abaixo da média de setembro de 162,5 mm.

Nas áreas mais ao Nordeste do Rio Grande do Sul, o mês também terminou com déficit de chuva. Em Lagoa Vermelha, por exemplo, a chuva acumulou em setembro tão-somente 55,1 mm. Em Caxias do Sul, por sua vez, o mês se encerrou com 93 mm ou 57% da média mensal de 163,1 mm.

Panorama parecido em Porto Alegre, onde a estação do Jardim Botânico somou em setembro apenas 66 mm ou 44% da média mensal de 147,8 mm. Com isso, a capital gaúcha teve o mês de setembro com o menor acumulado mensal de precipitação desde o ano de 2011, portanto em mais de uma década.

A primavera, que tradicionalmente registra volumes de chuva mais altos juntamente com o inverno, é importante para elevar as reservas hídricas e aumentar a quantidade de umidade no solo, uma vez que no verão as precipitações tendem a ser mais irregulares. No verão, ademais, o maior número de horas de sol e o calor aceleram a perda de umidade do solo.

O setembro de pouca chuva no Rio Grande do Sul preocupa porque outubro, outro mês que costuma na climatologia ter elevados volumes, deve repetir a tendência de precipitação abaixo a muito abaixo da média no estado gaúcho. O último trimestre deste ano, que começa hoje, aliás, deve ter chuva inferior ou muito inferior aos padrões históricos no território gaúcho.

O mapa acima mostra a projeção de anomalia de chuva para o trimestre outubro a dezembro do NMME (North America Multi-Model Ensemble), uma média de vários modelos de clima dos Estados Unidos e do Canadá que sinaliza um último trimestre do ano com deficiência hídrica.

A MetSul Meteorologia, em consequência da atuação do fenômeno La Niña por uma terceira primavera seguida, vem por meses alertando para o risco de escassez hídrica nestes últimos meses de 2022.

Se por um lado a chuva sem alta frequência e volume favorece o plantio da safra de verão, as precipitações abaixo da média devem afetar as culturas no final deste ano. A maior preocupação, como temos exposto, é com o milho que pode voltar a ter quebra de safra.