Sede da televisão estatal chinesa CCTV em dia de forte poluição em Pequim, capital da China, maior emissor do mundo de gases do efeito estufa | JADE GAO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Pequim anunciou nesta sexta-feira a suspensão das negociações climáticas com os Estados Unidos ao comunicar uma série de medidas em retaliação à visita da presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan. A medida marca um retrocesso no diálogo sobre mudanças climáticas entre as duas maiores economias do mundo no ano passado, apesar de uma relação estratégica bilateral difícil.

A China e os Estados Unidos, por exemplo, chegaram a um acordo para reduzir as emissões de metano à margem das negociações sobre mudanças climáticas da conferência COP26, da ONU, no final do ano passado. Agora, com o anúncio de hoje, não está claro se Pequim continuará a honrar sua parte do acordo.

A decisão de Pequim foi anunciada na emissora estatal CCTV juntamente com outras medidas focadas na segurança, incluindo o cancelamento dos diálogos entre os ministérios de defesa dos dois países, o que pode aumentar o risco de uma escalada perigosa no Estreito de Taiwan.

Os dois maiores poluidores do mundo se comprometeram no ano passado a trabalhar juntos para acelerar a ação climática, prometendo se reunir regularmente para “enfrentar a crise climática”, o que agora deixará de ser executado com o estremecimento das relações bilaterais.

O rompimento de relações no diálogo climático ocorre no momento em que as emissões de dióxido de carbono (CO2) da China caíram cerca de 1,4% nos primeiros três meses de 2022, tornando-se o terceiro trimestre consecutivo de queda nas emissões.

Uma nova análise da Carbon Brief, baseada em números oficiais e dados comerciais, mostra que os três trimestres consecutivos, quando vistos juntos, representam o maior declínio de emissões na China em pelo menos uma década.

As emissões atingiram o pico no verão de 2021, quando o governo apertou as políticas imobiliárias para mitigar a especulação e o risco financeiro, antes de começar a cair no terceiro trimestre do ano passado. A queda no final de 2021 e início de 2022 foi impulsionada pela desaceleração contínua do setor imobiliário e fortes aumentos de geração de energia limpa.

A China emite mais gases de efeito estufa do que todo o mundo desenvolvido combinado, segundo um relatório. A pesquisa do Rhodium Group afirmou que a China emitiu 27% dos gases de efeito estufa do mundo em 2019. Os Estados Unidos foram o segundo maior emissor com 11%, enquanto a Índia ficou em terceiro com 6,6% das emissões.

Os cientistas alertam que, sem um acordo entre os Estados Unidos e a China, será difícil evitar mudanças climáticas perigosas. As emissões da China mais que triplicaram nas três décadas anteriores, acrescentou o relatório do Rhodium Group. O gigante asiático tem a maior população do mundo, então suas emissões per capita ainda estão muito atrás das dos Estados Unidos.