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Onda de tornados do fim de semana nos Estados Unidos deixou seis mortos, elevando para 63 o número de vítimas fatais causadas pelo fenômeno neste ano no país. Em 2011, no mundo todo, 574 pessoas morreram em tornados, 550 só nos Estados Unidos que teve temporada arrasadora e excepcional. Para se ter uma idéia, nos dez anos anteriores juntos tinham morrido 564 americanos. O número de mortos em 2011 por twisters nos Estados Unidos foi o maior desde 1925. A Meteorologia americana recebeu 135 relatos de tornados (alguns duplicados) apenas no último fim de semana. O que atravessou a populosa Wichita sem causar nenhuma vítima destruiu parte das instalações da Boeing e da Spirit AeroSystems, fornecedores mundiais do setor da aviação.

O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS) anunciou que passará a usar nos alertas de tornados as expressões ‘devastação em massa’, ‘catastrófico’ e ‘sobrevivência impossível’ para uma maior repercussão dos avisos junto ao público. É uma nova iniciativa baseada em um modelo experimental de alerta que foi implantado no último dia dois de abril somente nos escritórios do NWS de Wichita, Kansas City, Topeka, Springfield e Saint Louis, todas das Planícies Centrais dos Estados Unidos, a área mais sujeita aos tornados violentos e arrasadores.


A mudança nos alertas pelo NWS ocorre após um relatório que analisou o impacto das advertências no devastador tornado de Joplin do ano passado (mais fatal em décadas no território americano) e que foi tema da coluna semanal do meteorologista da MetSul Eugenio Hackbart de 27 de novembro de 2011 no jornal ABC Domingo. O Serviço Meteorológico Nacional do governo dos Estados Unidos publicou trabalho (íntegra) de 34 páginas de leitura obrigatória para quem trabalha diariamente com previsão do tempo e não raro com eventos severos, como é o nosso caso aqui na MetSul. Até porque algumas conclusões são espantosas, sobretudo considerando que os americanos investiram bilhões de dólares em seu sistema de previsão e alertas de emergência para a população com estrutura que nem se sonha ter idêntica aqui no Brasil.


De acordo com o trabalho do NWS de 2011, “a maioria dos moradores de Joplin (foto acima) não buscou os abrigos imediatamente após ouvirem o alerta inicial”. Muito ao contrário, segundo o documento, alguns levaram um tempo adicional para buscar mais informações no rádio e na televisão. Houve quem fosse para rua olhar o céu. Mais de cem pessoas foram ouvidas para o relatório, incluindo sessenta sobreviventes. Diversas pessoas consultadas disseram que as sirenes de alerta soam com grande freqüência na cidade com muitos alarmes falsos, o que levou um grande número de pessoas a hesitar na busca por abrigo.

As autoridades de Joplin tinham como regra soar as sirenes “quando um tornado é informado a caminho da cidade ou sob previsão de tempestades severas com projeção de vento acima de 120 km/h”. Ocorre que 76% de todos os alertas de tornados emitidos pelo National Weather Service nos Estados Unidos acabam se mostrando um ‘alarme falso’, segundo a estatística oficial. Agora, mesmo se todos moradores de Joplin tivessem buscado abrigo imediatamente e seguido as recomendações em caso de tornados ainda haveria vítimas fatais. Isso porque o tornado era tão violento que era impossível sobreviver a sua força, exceto para quem tinha abrigos subterrâneos bem construídos e reforçados.