A chamada região Niño 1+2 (mapa abaixo), no Pacífico Leste, teve na semana passada anomalia de temperatura da superfície do mar (TSM) de 1,9ºC, 1,4ºC a mais que na semana anterior, conforme os dados liberados hoje pelo NOAA, o órgão oficial de Meteorologia dos Estados Unidos. É a maior anomalia positiva semanal na região desde 10 de junho de 1998, igualando o registro de 29 de julho de 1998. O dado é muito significativo porque no período entre os anos de 1997 e 1998 ocorreu um “Super El Niño”, um dos três episódios mais intensos de El Niño do século XX.
Vários modelos, dinâmicos (oceano-atmosfera) ou estatísticos, indicam episódio de El Niño nos próximos meses, segundo o meteorologista da MetSul Luiz Fernando Nachtigall. Ele pondera, porém, que há ainda uma grande divergência entre as simulações quanto à força do fenômeno, caso ele venha mesmo a se concretizar. Segundo Nachtigall, algumas simulações projetam uma condição limite entre neutralidade e Niño (borderline El Niño) e outras até evento com intensidade moderada (reprodução abaixo).
O último evento de El Niño ocorreu entre 2009 e 2010, tendo sido responsável por um segundo semestre de chuva extrema no Rio Grande do Sul em 2009. A despeito do aquecimento histórico recente das águas do Pacífico Equatorial Leste, Nachtigall enfatiza que as condições hoje são de neutralidade (sem El Niño e La Niña) porque a análise leva em conta outras áreas do oceano. “O dado divulgado, porém, é mais um indicativo de que um episódio de El Niño é possível nos próximos meses”, analisa.