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Argentina completa dez dias com 40ºC | ALEJANDRO PAGNI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A Argentina completou no sábado dez dias seguidos em que a temperatura no país chegou ou passou da casa dos 40ºC, o que provocou recorde de consumo de energia elétrica em seu sistema interligado na última semana e recordes de temperaturas mínimas altas e de temperaturas máximas.

As máximas diárias na Argentina foram no dia 25/1 de 43,9ºC em San Antonio Oeste (Rio Negro); no dia 26/1 de 41,6ºC em San Antonio Oeste; no dia 27/1 de 40,0ºC em Rivadavia (Salta); no dia 28/1 de 41,6ºC em Cipoletti (Rio Negro); no dia 29/1 de 43,0ºC em Rivadavia; no dia 30/1 de 44,5ºC em Rivadavia; no dia 31/1 de 44,0ºC em Rivadavia; no dia 1º/2 de 43,0ºC em Rivadavia; no dia 2/2 de 43,5ºC em Rivadavia; e no dia 3/3 de 45,7ºC em Santiago del Estero (Santiago del Estero).

A temperatura máxima de ontem de 45,7ºC, a maior na Argentina até agora neste onda de calor, foi a mais alta já observada na localidade de Santiago del Estero em fevereiro desde o começo das medições em 1931. O recorde anterior para o mês de máxima era de 44,3ºC, em 2 de fevereiro de 2003 e 1º de fevereiro de 2023. Tratou-se ainda da terceira mais alta da temperatura da série história, sendo superada apenas pelos 46,5ºC de 1º de novembro de 2009 e os 46,4ºC de 28 de novembro de 1962.

Outras duas estações da Argentina registraram no sábado máximas recordes para o mês de fevereiro. Foram os casos de Rivadavia com 45,0ºC e La Rioja com 43,8ºC. Uma vez que são cidades costumeiramente acostumadas a extremos de calor, recordes mensais são um fato sempre notável e indicativo de como esta onda de calor é intensa no Norte e no Oeste da Argentina.

Além de marcas históricas de máximas, houve recordes de mínimas elevadas para o mês de fevereiro. A mínima de ontem em Santa Rosa (La Pampa) de 25,8ºC superou o recorde anterior de 24,7ºC de 29 de fevereiro de 1958. A estação possui dados desde 1937.

Em Mendoza (Mendoza), a mínima de 25,7ºC foi a mais elevada já observada no mês desde o começo das medições no aeroporto em 1956, batendo o recorde prévio de mínima alta para fevereiro de 25,5ºC, em 2 de fevereiro de 2024.

Em San Juan (San Juan), a mínima do sábado de 29,6ºC foi a mais alta em fevereiro desde o início da série em 1956, superando o recorde que era do dia anterior. Em Viedma, Rio Negro, a mínima de 25,7ºC foi a mais elevada da série iniciada em 1967 para o mês, superando o recorde prévio de 25,3ºC de 5 e 6 de fevereiro de 1983.

Em Tres Arroyos (Buenos Aires), com dados desde 1964, a mínima ontem de 24,0ºC foi a mais alta para fevereiro e quebrou o recorde anterior de 23,5ºC, de 18 de fevereiro de 2018. Já em Benito Juárez, também na província de Buenos Aires, com dados desde 1980, a mínima no aeroporto de 22,8ºC foi a mais elevada já anotada em fevereiro e derrubou o recorde anterior de 22,4ºC em 7 de fevereiro de 2018.

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome), atua há muitos dias na Argentina. Uma bolha de calor ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.

Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.

É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

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