Brasília tem enfrentado dias muito secos e quentes com vegetação alaranjada, queimadas no Distrito Federal e fumaça na capital federal e cidades do entorno | GUSTAVO MORENO/PORTAL METRÓPOLES

O Brasil Central vive o auge da temporada seca com dias de calor e muito baixa umidade relativa do ar. O tempo extremamente seco persistente sem registro de chuva provoca um aumento das queimadas no Cerrado e no Sul da região amazônica, o que leva fumaça para muitas cidades e capitais do Norte e do Centro-Oeste do Brasil neste fim de agosto.

Uma grande massa de ar seco cobre neste último dia de agosto grande parte do Brasil. Índices de umidade relativa do ar são muito baixos em estados do Centro-Oeste, do Sudeste, de parte da Região Norte e em muitas áreas mais ao interior do Nordeste do Brasil. Valores caem abaixo dos 20% em grande número de municípios.

Mesmo na região amazônica, na área da floresta, onde tradicionalmente é mais úmido, o ar tem estado muito seco. Ontem (30), a umidade relativa do ar caiu a apenas 28% na estação do Parque Chandless, no Acre. Apui, no estado do Amazonas, anotou umidade de 40% durante a tarde da terça-feira.

Índices de umidade ainda mais baixos ocorrem no Centro-Oeste. No Mato Grosso, ontem, as estações meteorológicas acusaram umidade de tão-somente 14% em Querência e Serra Nova Dourada. Em Goiás, 15%. No Distrito Federal, 22%. Em algumas cidades do Sul do Tocantins, 13% de umidade. Em Buritirama, no interior da Bahia, o menor valor no país: 8%.

Com tempo seco e ar quente, as tardes acabam sendo de calor. As máximas na terça chegaram a 37,9ºC em Querência, no Mato Grosso. Em Tocantins, 38,5ºC em Porto Nacional. Palmas foi a capital mais quente do país com 38,4ºC. O Maranhão foi a 38,0ºC no município de Caxias. No Piauí, 38,1ºC em Piripiri. No Amazonas, mesmo com a floresta que tende a amenizar a secura, a temperatura atingiu quase 35ºC.

Com o calor e o tempo seco, as queimadas aumentam. O Cerrado teve ontem o maior número de focos de calor registrados por satélites no mês com 952. O segundo pior dia de fogo no mês tinha sido o domingo (28) com 809 focos de calor. Entre as áreas atingidas por fogo no Cerrado, esteve a Floresta Nacional de Brasília. A Caatinga também teve ontem o dia com mais registro de fogo em agosto com 140 focos.

Projeção de umidade do modelo norte-americano GFS para a tarde de hoje | METSUL

A MetSul Meteorologia projeta que o tempo deve ficar ainda mais seco, com temperatura mais alta e com aumento significativo no número de queimadas nas próximas duas semanas na área do Brasil Central e em partes do Sudeste, do Norte e do Nordeste do território brasileiro, uma vez que se prevê a intensificação do ar seco acompanhado do aumento da temperatura. É o que indicam os vários modelos numéricos analisados pela MetSul.

Desenha-se uma primeira metade de setembro com tempo muito seco na maior parte da região Centro-Oeste e em partes do Norte, do Sudeste e do Norte do Brasil. Estados como Tocantins, Maranhão, Piauí e Mato Grosso devem registrar máximas perto ou acima de 40ºC quase todos os dias até a metade de setembro.

Projeção do modelo climático norte-americano CFS de anomalia de temperatura para a primeira quinzena de setembro indica temperatura acima a muito acima da média no interior de São Paulo, Triângulo Mineiro e em quase todo o Centro-Oeste do Brasil | METSUL

O calor deve se fazer sentir com força ainda no Mato Grosso do Sul, no interior de São Paulo, parte de Minas Gerais, em Goiás, no Distrito Federal, e também em muitas áreas do interior do Nordeste, como no Agreste nordestino, com tardes de marcas escaldantes.

Em Brasília, por exemplo, a primeira semana de setembro deve ser marcada por tardes de ar extremamente seco e temperatura muito alta à medida que a massa de ar seco e quente vai ganhar muita força. Serão várias tardes com 32ºC a 34ºC no Distrito Federal. Goiânia deve ter diversos dias com máximas de 34ºC a 36ºC. Em Cuiabá e Palmas, muitos dias com marcas perto ou acima de 40ºC.

Com o tempo extremamente seco e por demais quente, a tendência é de um elevado número de queimadas na primeira metade de setembro no Cerrado e na Caatinga, com risco alto de fogo em áreas de reservas naturais e de parques nacionais. As regiões das chapas terão elevado risco de fogo, por exemplo, assim como setores mais ao Sul da Amazônia e do Norte do Pantanal.