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Modelos que projetam a dispersão de aerossóis, como o do Sistema Copernicus (mapa), indicam que a grande quantidade de fumaça que cobre a região amazônica vai chegar ao Sul do Brasil neste fim de semana. A fumaça vai ser trazida por um corredor de vento, uma corrente de jato de baixos níveis na atmosfera, a cerca de 1.500 metros de altitude, que vai passar pelo Centro-Oeste, o Paraguai, o Norte da Argentina e, finalmente, o Sul do Brasil.

Este tipo de corrente de vento de Norte é comum horas antes da chegada de uma frente fria. Um sistema frontal vai avançar pelo Sul do Brasil no final do sábado e durante o domingo. Por isso, a presença de fumaça será breve. Com o ingresso de ar frio após a passagem da frente, com correntes de vento de Sul, o ar ficará limpo e com excelente qualidade.

A grande quantidade de fumaça na Amazônia decorre de um número incomum e altíssimo de queimadas que vem se registrando há quase dez dias na região amazônica. Dados do programa de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o número de focos de calor em agosto até o dia 25 foi de 25.991, logo faltando uma semana para que acabe o mês inevitavelmente a média mensal de 26.299 será superada. Será o quarto ano seguido com mais fogo na Amazônia em agosto do que a média.


Os últimos dias registraram números absurdamente altos de focos de calor na Amazônia, de acordo com o Inpe. Somente nos últimos dez dias, entre os dias 16 e 25, 18.276 focos de calor foram captados por satélites. Somente no dia 22 foram 3.458 focos e no dia 24 os satélites identificaram 2.475 focos.

Os 3.458 focos de calor captados no dia 22 representam o maior número diário para agosto na Amazônia desde 2002, conforme o Inpe. Em 23 de agosto de 2002, os satélites captaram 3.548 focos de calor. No dia 25 de agosto de 2002, outras 3.300 queimadas foram identificadas. Nenhum outro dia de agosto desde então tinha superado os 3 mil focos de calor, até a última segunda-feira.

A fumaça cobre as cidades de Porto Velho e Manaus. Em Manicoré, no Sul do Amazonas, moradores dizem jamais ter visto tanta fumaça no céu. O município está no ranking dos dez com o maior número de focos de incêndio acumulados neste mês.

A divisão de aerossóis da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, a agência de tempo e clima do governo norte-americano, publicou imagem nesta sexta mostrando como o sensor de profundidade óptica de aerossóis do satélite meteorológico GOES-16 captou a densa fumaça que cobre a Amazônia, particularmente os estados do Amazonas, Acre e Rondônia.

Os piores anos em agosto se deram de 2002 a 2007. Em 2002, agosto terminou com 43.484 focos. Em 2003, 34.765. Já em 2004, 43.320. Em 2005, o recorde da série histórica do mês com 63.764. Em 2006, 34.208. E, por fim, 2007 com 46.385 focos de calor em agosto. Em 2011, o menor número em agosto com 8.002 focos.

Os meses de agosto a outubro marcam o pico das queimadas a cada ano no bioma amazônico. Diferentemente de outros biomas, quase todos os episódios de fogo na região amazônica são iniciados propositalmente pela natureza tropical e úmida da floresta.

Florestas, como da Europa e dos Estados Unidos, não são de natureza tropical e pela característica de vegetação, possuem maior combustibilidade, o que torna comparações com a Amazônia indevidas. A Europa registra a maior área queimada desde o começo das medições por satélite em meio a sucessivas ondas de calor e a pior seca em meio milênio.

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