Divulgação das normais do clima de 1991-2020 hoje permitirá uma melhor compreensão das transformações climáticas nas cidades e nas zonas rurais do Brasil durante os últimos 30 anos que marcaram a aceleração do aquecimento global | CARL DE SOUZA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Brasil conhecerá nesta quarta-feira, Dia Meteorológico Mundial, as suas novas normais do clima. O anúncio das novas médias climatológicas e extremos das últimas três décadas há muito era esperado e vai permitir uma melhor compreensão de como o clima está mudando no território brasileiro, especialmente em uma era de aquecimento global em aceleração.

Para marcar o Dia da Meteorologia, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apresentará hoje a edição das “Normais Climatológicas 1991-2020” que aponta o que mudou no clima do Brasil nos últimos 30 anos. “A atualização a cada dez anos das normais do clima equivale ao censo populacional para quem usa os dados meteorológicos”, comparou a NOAA, a agência de Meteorologia do governo dos Estados Unidos.

Normais climatológicas (médias históricas) são valores médios de variáveis meteorológicas calculados para um período relativamente longo e uniforme, compreendendo no mínimo três décadas consecutivas. Os dados indicam médias de temperatura mínima, máxima, compensada, umidade, insolação, vento, precipitação, extremos de temperatura e chuva, etc.

Estes valores servem de referência para a definição do clima em um determinado local ou região. Os resultados das Normais Climatológicas 1991-2020 seguem a tendência mundial de aumento de temperatura ao longo das últimas décadas. Além disso, o Inmet apresentará gráficos com tendência de aumento de eventos extremos de chuva excessiva em algumas cidades brasileiras a partir da década de 1990.

Até o final de 2020, o período de referência padrão mais atual e amplamente utilizado para o cálculo das normais climáticas era o de 30 anos de 1981-2010. A recente reunião da Comissão de Serviços da OMM (Organização Meteorológica Mundial) recomendou que a nova linha de base de 30 anos, 1991-2020, fosse adotada globalmente e prometeu apoio aos países-membros para ajudá-los a atualizar seus números. Muitos países da Europa e os Estados Unidos já mudaram para a nova linha de base.

As crescentes concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa estão mudando o clima da Terra muito mais rápido do que antes. Como resultado, os tomadores de decisão em setores e indústrias sensíveis ao clima, como gestão de água, energia, agricultura e viticultura, podem basear decisões importantes em informações que podem estar desatualizadas.

Assim, é necessário atualizar as normais climáticas dos serviços operacionais para a tomada de decisões, por exemplo, como previsões de pico de carga de energia e recomendações sobre seleção de culturas e épocas de plantio. No entanto, para fins de comparação histórica e monitoramento das mudanças climáticas, a OMM ainda recomenda a continuação do período 1961-1990 para o cálculo e rastreamento das anomalias climáticas globais em relação a um período de referência fixo e comum.

Quanto ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e suas metas de temperatura, a OMM também usa a era pré-industrial como linha de base para rastrear o aumento da temperatura global em seu relatório anual State of the Global Climate.

Os computadores cada vez mais poderosos e os sistemas de gerenciamento de dados climáticos de hoje facilitam muito a realização de atualizações mais frequentes, que envolvem a análise de grandes quantidades de dados climáticos. Outra vantagem das atualizações decenais é que elas possibilitarão a incorporação mais rápida de dados de estações meteorológicas recém-estabelecidas às normais.