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O Brasil aquece a um ritmo mais rápido que a média do planeta. É o que mostra um mapa divulgado pelo cientista do clima Ed Hawkins, professor da University of Reading, no Reino Unido, e do National Center for Atmospheric Research, dos Estados Unidos. Hakwins se tornou uma das figuras mais importantes na comunidade climática ao criar as listras do clima, uma forma simples e didática de comunicar o aquecimento de cidades, países e do mundo em um tema complexo e técnico como as mudanças climáticas.

O mapa mostra que a taxa de aquecimento é maior que o resto do mundo do Sul ao Norte do Brasil, mas o ritmo de elevação da temperatura na comparação com a média global é mais acelerado nas regiões Norte e Nordeste do país com até 50% mais célere que a média planetária.

O maior aquecimento no Norte traz especial preocupação quanto ao futuro da região amazônica, duramente castigada por um grande aumento da queimadas e desmatamento nos últimos anos. No Sul e no Sudeste, por sua vez, o aquecimento está ocorrendo em ritmo pouco maior e perto da média global.


Um estudo da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que analisou dados de 45 estações meteorológicas mostrou que no Nordeste do Brasil houve uma tendência de aquecimento de 0,9ºC em 30 anos. Já no Sudeste do Brasil, outro estudo do IAG/USP com dados a partir de 1955 e até 2004 mostrou que quase todo o aquecimento observado desde então não teria se verificado sem a intervenção dos gases do efeito estuda e que a variabilidade natural do clima não explica a elevação da temperatura.

O aquecimento na Região Sudeste foi de 1,1ºC no período estudado de 49 anos e ainda maior na cidade de São Paulo, onde nas quase cinco décadas de análise a temperatura se elevou 2,0ºC, fortemente influenciada pela enorme urbanização. O Sudeste do Brasil é uma das áreas em que a instabilidade do sistema climático tem ainda maior importância porque tem 40% da população do país e metade da economia nacional.

O aquecimento no Brasil foi muito pronunciado nas últimas duas a três décadas, mas, em particular neste século. Os anos mais quentes da história observacional do país se deram quase todos na última década, acompanhado uma tendência que se verifica em escala planetária.

Aquecimento no Brasil aumentará

Os efeitos das mudanças climáticas devem se tornar ainda mais dramáticos no Brasil no futuro com condições extremas cada vez mais freqüentes na temperatura e no regime de chuva pelas projeções do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), da ONU, divulgadas no relatório da segunda-feira que é o mais completo e detalhado documento científico já produzido sobre mudanças climáticas.

Em todos cenários apresentados pelo painel haverá impactos negativos para o Brasil, mas sob o pior cenário de aquecimento de 4ºC elas podem ser de enorme gravidade. Todas as regiões do Brasil deverão experimentar aumento da temperatura média nas próximas décadas por qualquer um dos cenários. O aquecimento seria maior no Norte, Centro-Oeste e no Nordeste.

Estas regiões experimentariam também significativo decréscimo da chuva, o que levaria a secas muito mais freqüentes, severas e duradouras, e traria conseqüências em grande escala para a produção agrícola. Ainda, menos chuva levaria a um maior processo de desertificação, como no Nordeste. Na Amazônia, a maior presença de gases estufa na atmosfera planetária poderia reduzir o crescimento da vegetação e ainda o clima quente e mais seco impactaria duramente a floresta.

No Sul do Brasil, ao contrário, além do clima mais quente, a tendência pelo IPCC para as próximas décadas, é de aumento da chuva. Isso pode levar a episódios de enchentes mais freqüentes e a maior presença de umidade na atmosfera com ar mais quente pode induzir uma maior ocorrência de episódios de tempestades severas.

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