Prédios cobertos de neve são vistos em Louisville, Kentucky, sob temperaturas congelantes. Quase um milhão e meio de consumidores ficaram no escuro pela forte tempestade de inverno nos Estados Unidos que causou fechamento de rodovias e milhares de cancelamentos de voos antes do Natal. Neve pesada e ventos congelantes castigaram dezenas der milhões de norte-americanos. | LEANDRO LOZADA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A tempestade de inverno que atingiu os Estados Unidos com nevascas e ventos polares deixava até o final do sábado um saldo de 19 mortos, mais de meio milhão de pessoas sem eletricidade e milhares de viajantes retidos devido ao cancelamento de voos horas antes do Natal.

Autoridades confirmaram 17 mortes relacionadas à tempestade, em oito estados, mas notícias da imprensa norte-americana dão conta de 21 vítimas. Grande parte dos Estados Unidos sofria com temperaturas perigosamente gélidas, pelo terceiro dia consecutivo.

O “ciclone bomba”, tempestade definida como “única em uma geração” pelo Serviço Nacional de Meteorologia (National Weather Service ou NWS), provocou o cancelamento de mais de 2.800 voos e o atraso de outros 6.600, um dia depois de quase 6.000 descolagens terem sido canceladas, segundo o site especializado FlightAware.

O secretário de Transporte, Pete Buttigieg, informou que “as interrupções mais extremas ficaram para trás à medida que as operações das companhias aéreas e dos aeroportos são retomadas gradualmente”.

Muitos viajantes retidos nos aeroportos de Atlanta, Chicago, Denver, Detroit e Nova York mantinham a esperança de que um milagre de Natal lhes permitisse chegar a seus destinos a tempo das comemorações.

Segundo o site Poweroutage.us, os estados mais afetados pelos cortes de energia eram Carolina do Norte, Maine e Tennessee. No final do sábado, cerca de 530 mil clientes continuavam sem eletricidade devido aos efeitos do frio extremo, informou o site. Algumas cidades começaram a implementar apagões por turnos pela sobrecarga do sistema ante a necessidade de aquecimento de prédios e residências.

Em muitos estados, estradas se tornaram intransitáveis ou muito perigosas, o que causou acidentes fatais. O gelo nas estradas também provocou o fechamento de rotas importantes, como a Interestadual 70, que corta o país, onde trechos foram interditados no Colorado e Kansas.

Veículos de remoção de neve tentam limpar ruas no centro de Detroit. Grande tempestade de inverno com nevascas (Blizzard) varreu grande parte do Meio-Oeste com sensação térmica de 40ºC a 50ºC abaixo de zero. Os Grandes Lagos foram os mais castigados pelo ciclone bomba que se formou na região. | MATTHEW HATCHER/GETTY IMAGES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Motoristas foram aconselhados a não viajar pelas condições extremas nas estradas enquanto autoridades se esforçavam para limpar as rodovias da neve | LEANDRO LOZADA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Em cidades como Denver ou Chicago, abrigos foram abertos para permitir que pessoas se aquecessem e se protegessem do risco de hipotermia. A tempestade deve durar todo o fim de semana, até que as temperaturas se normalizem, em meados da semana que vem, indicou o NWS.

Até então, “se você tem que viajar ou ficar ao ar livre, prepare-se para o frio extremo com várias camadas de roupa e cobrindo o máximo de pele possível”, recomendou o serviço. “Em alguns lugares, permanecer do lado de fora pode causar congelamento em questão de minutos.”

Nevascas impenderam que muitos norte-americanos conseguissem viajar no período de Natal com muitos milhares de voos cancelados em diversos aeroportos | MATTHEW HATCHER/GETTY IMAGES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Canadá também foi afetado pela tempestade, e todas as províncias estavam com alertas meteorológicos. Centenas de milhares de pessoas ficaram sem eletricidade em Ontário e Quebec, e os aeroportos de Vancouver, Toronto e Montreal registraram cancelamentos de voos. Passageiros de trens parados em Ontário relataram que permaneceram nos vagões por até 18 horas devido às condições do tempo extremas.

Esse tipo de tempestade é provocado por uma “bomba de baixa pressão”, um encontro entre duas massas de ar, uma muito fria, do Ártico, e outra tropical, do Golfo do México, agravado por uma queda repentina da pressão atmosférica, em menos de 24 horas.