Anúncios

Termômetro de farmácia registra o calor intenso desta semana na cidade francesa de Estrasburgo. Centenas de recordes de temperatura máxima em estações meteorológicas oficiais caíram nesta semana na França. | FREDERICK FLORIN/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A grande notícia da semana no clima foi a poderosa onda de calor na Europa que trouxe recordes de temperatura máxima em diversos países e as primeiras máximas da história na casa dos 40ºC em algumas cidades como a inglesa Londres e a alemã Hamburgo. O Reino Unido teve o dia mais quente de sua história com recordes nacionais na Inglaterra, País de Gales e Escócia. Centenas de recordes para julho ou absolutos caíram em cidades de vários países da Europa Ocidental.

Os números não mentem e são gritantes. As capitais da Europa Ocidental que enfrentaram calor extremo nesta semana registram atualmente muito mais dias de calor intenso que na metade do século passado. Um levantamento mostra o número de dias com máxima acima de 35ºC em Londres, Madri, Paris, Amsterdam, Roma e Berlim na década de 50 (1950-1959) e nos últimos dez anos (2013-2022). A diferença é impressionante.

Londres, que nesta semana teve o primeiro registro de 40ºC em sua história com 40,2ºC na estação do aeroporto de Heathrow, teve apenas 4 dias acima de 35ºC entre 1950 e 1959. Entre 2013 e 2022 foram 26. Em Madri, que amargou calor extremo nesta onda de calor europeia, o número de dias com mais de 35ºC na década de 50 foi de 22. Nos últimos dez anos, 162. Em Paris, somente 7 dias tiveram máxima superior a 35ºC na década de 50. Entre 2013 e 2022 foram 44 dias.

Em Amsterdam, na Holanda, mais ao Norte e com clima mais frio, a década de 50 registrou tão-somente 3 dias com máximas acima de 35ºC. Nos últimos dez anos, o número saltou para 23. Em Roma, a cidade eterna anotou 11 dias com máxima que ultrapassou os 35ºC entre 1950 e 1959, mas entre 2013 e 2022 foram 76. Enorme elevação também em Berlim, na Alemanha. Nos anos 50, 8 dias com máximas acima de 35ºC. No período 2013-2022, nada menos que 52.

Somando todos os dias com mais de 35ºC em Londres, Madri, Paris, Amsterdam, Roma e Berlim na década de 50 (1950-1959) foram 55 dias em que a temperatura máxima atingiu ou superou esta marca. Já se somados todos os dias com mais de 35ºC nestas mesmas cidades no período de 2013 a 2022, o número se eleva para 383, uma impressionante diferença de sete vez mais.

Há outro dado extremamente relevante sobre o ineditismo dos tempos atuais. A Inglaterra possui a série de temperatura mais antiga do mundo com observações do tempo diárias desde 1772, chamada de Central England Temperature (CET). Antes desta onda de calor, a média diária de temperatura mais alta já registrada tinha sido de 25,2°C. Nesta onda de calor brutal, o recorde não apenas foi superado. Foi dizimado com 28,1°C de média.