Setembro não vai terminar com cara de primavera, não. Uma massa de ar frio vai cobrir grande parte da porção central da América do Sul, o que inclui o Centro e o Norte da Argentina, o Uruguai, Paraguai e os estados do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul do Brasil. O efeito será temperatura abaixo da média desta época do ano com marcas amenas para o fim de setembro na maioria das cidades e frio mesmo durante o dia em localidades serranas.

Esta massa de ar frio trouxe incrivelmente neve pela segunda vez em menos de dez dias, em pleno fim de setembro, nas serras (Altas Cumbres) da província de Córdoba, na Argentina. Ocorre que, diferentemente da semanas passada que teve neve em Córdoba e depois uma nevada no Planalto Sul Catarinense nas primeiras horas da primavera, desta vez o ar frio não será suficientemente forte para provocar neve nas áreas mais altas do Sul do Brasil.

Na madrugada da última sexta-feira, quando nevou e até com acumulação em pontos de São Joaquim e Urupema, a temperatura no nível de 850 hPa (1.500 metros de altitude) estava em torno de 0ºC e ainda havia circulação ciclônica. Agora, a projeção dos modelos para a região é de temperatura em 850 hPa não inferior a 5ºC, ou seja, incapaz de provocar queda de neve.

Com efeito, esta massa de ar frio não é tão forte quanto a do final da semana passada que, além de neve, trouxe ainda geada em muitos municípios do Sul do Brasil e ainda mínimas bastante baixas para a segunda quinzena de setembro que, no caso do Rio Grande do Sul, chegaram a 3ºC negativos em São José dos Ausentes e 3ºC na Grande Porto Alegre.

Esta massa de ar frio agora da segunda metade da semana, ademais, não será tão seca como a última e haverá muitas nuvens e ainda chuva em diversos pontos do Centro-Oeste, Sudeste e do Sul do Brasil. É o que vai desfavorecer a formação de geada tardia, para o alívio do setor agrícola. As nuvens e a instabilidade vão impedir mínimas muito baixas.

Com o tempo instável ou muitas nuvens, as máximas é que vem chamar a atenção por ficarem abaixo ou muito abaixo do que é normal para esta época do ano. Porto Alegre, por exemplo, deve ter máximas à tarde em torno de 18ºC ou 19ºC amanhã, 17ºC a 18ºC na sexta e entre 19ºC e 20ºC no sábado. A máxima média histórica de setembro na cidade é de 22,8ºC e em outubro, e sábado já é outubro, de 25,2ºC.

O mesmo vai ocorrem em Curitiba e na cidade de São Paulo com máximas baixas para esta época do ano. Na capital do Paraná, sob muitas nuvens e chuva frequente, as máximas tendem a ficar entre 12ºC e 14ºC, portanto muito baixas, até sábado. Somente no domingo, dia da eleição, é que se espera maior aquecimento. Na cidade de São Paulo, as máximas ficam abaixo dos 20ºC até sábado e com muitos períodos de chuva, e que por vezes será forte.

Quem está torcendo por calor mais ao Sul do Brasil deve esquecer por ora. Não se enxerga uma sequência de dias de calor tão cedo no Rio Grande do Sul. Os dados dos modelos numéricos, inclusive, indicam a possibilidade de uma nova massa de ar frio chegar ao estado na primeira semana de outubro, confirmando a tendência publicada pela MetSul que haveria uma sucessão de incursões de ar mais frio neste começo de primavera.