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Jovem caminha em solo rachado e seco nos pântanos de Hawizeh, que ficam na fronteira do Iraque com o Irã, na província de Maysan, neste mês de outubro com forte seca na região da Mesopotâmia | ASAAD NIAZI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Oriente Médio está aquecendo a uma taxa quase duas vezes maior que a média global, com efeitos potencialmente devastadores sobre seu povo e suas economias, de acordo com um novo estudo climático. Como resultado, mais de 400 milhões de pessoas na região provavelmente enfrentarão ondas de calor extremas, secas prolongadas e aumento do nível do mar, diz o estudo de vários autores, divulgado semanas antes da conferência climática da ONU (COP27) no Egito.

O estudo revelou um aumento médio de 0,45ºC por década no Oriente Médio e Mediterrâneo Oriental, com base em dados coletados entre 1981 e 2019, quando o aumento médio global foi de 0,27ºC.

Na ausência de mudanças imediatas, a região deverá aquecer 5ºC até o final do século, o que pode exceder “limites críticos de adaptabilidade humana” em alguns países, alerta o estudo. As pessoas “enfrentarão grandes desafios de saúde e subsistência, especialmente comunidades desfavorecidas, idosos e mulheres grávidas”, diz Jos Lelieveld, do Instituto Max Planck de Química e do Instituto Chipre, duas instituições que contribuíram para o estudo.

O estudo abrange a região da Grécia ao Egito, incluindo Líbano, Síria, Iraque, Bahrein, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Irã. De acordo com a pesquisa, o Oriente Médio pode não apenas sofrer severamente com as mudanças climáticas, mas também contribuir significativamente para elas.

Um sinal de que a região rica em petróleo poderá em breve se tornar uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa, superando a União Europeia em poucos anos. “Como o impacto das mudanças climáticas transcende fronteiras, uma colaboração mais estreita entre os países afetados é essencial para lidar com os efeitos adversos desse fenômeno”, acrescenta Lelieveld.

George Zittis, um dos autores do estudo, alerta que a expansão das terras áridas e a subida do nível do mar “vai provocar alterações significativas nas zonas costeiras e na agricultura”, sobretudo no delta do Nilo, no Egito. De acordo com o estudo, “praticamente todas” as áreas da vida serão “severamente afetadas” por climas mais quentes e secos. Isso contribuirá potencialmente para o aumento das taxas de mortalidade e agravará “as desigualdades entre a população mais ricas e mais pobres” da região.

Em novembro, representantes de quase 200 países se reunirão na COP27 na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, para dar seguimento ao acordo de Paris de 2015, cujo objetivo era conter o aquecimento global abaixo de +2°C até 2100, e se possível abaixo de +1,5°C. O planeta aqueceu uma média de quase 1,2ºC desde a era pré-industrial. Em maio, a Organização Meteorológica Mundial da ONU disse que havia 50% de chance de atingir um aumento de 1,5ºC já nos próximos cinco anos.