Uma área de baixa pressão começa a se aprofundar no Sul do Brasil nesta terça-feira e originará um ciclone extratropical nesta quarta-feira entre os litorais de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O sistema será responsável por provocar chuva forte a torrencial e ainda rajadas de vento fortes a muito fortes, sendo localmente intensas.

Exceção do modelo meteorológico alemão Icon, a grande maioria dos modelos numéricos indica que o centro de baixa pressão deve se aprofundar numa área entre a costa do Nordeste de Santa Catarina, o litoral do Paraná e o litoral Sul de São Paulo. São os casos das projeções dos modelos norte-americano GFS, o canadense e o modelo meteorológico do Centro Europeu.

Esta é região que comumente não é ciclogenética, ou seja, ciclones não costumam se formar nesta parte da costa brasileiras. Os sistemas extratropicais são normais no litoral da Argentina e na foz do Rio de Prata, algumas vezes se originando na costa do Rio Grande do Sul. Trata-se, assim, de uma posição mais ao Norte que o habitual para a gênese de um ciclone extratropical no Atlântico Sul.

Com isso, o vento mais forte que costuma ocorrer em ciclones no Uruguai, Argentina e no Rio Grande do Sul, desta vez vai se dar em áreas mais ao Norte e menos acostumadas a enfrentar ventania forte a intensa por conta deste tipo de sistema.

De acordo com a análise da MetSul, o campo de vento mais forte deste ciclone deve atingir uma faixa na costa da região de Florianópolis ao litoral do Rio de Janeiro, o que inclui as costas do Paraná e o litoral de São Paulo. Segundo os dados analisados, o vento mais intenso poderia se dar nos litorais paranaense, paulista e fluminense.

Vento em Santa Catarina e no Paraná

O tempo fica ventoso no litoral do Rio Grande do Sul com rajadas por vezes, mas a costa gaúcha estará ao Sul do campo de vento mais intenso associado ao aprofundamento do centro de baixa pressão, o que não caracteriza uma situação de risco maior, exceto em alto mar. O vento mais forte no Sul do Brasil ocorrerá nas costas de Santa Catarina e do Paraná.

Dados de modelos meteorológicos apontam que o vento forte a muito forte com rajadas por vezes intensas deve se dar da região de Florianópolis para o Norte, atingindo no caso do Sul do país os litorais Norte de Santa Catarina e do Paraná. Em Santa Catarina, as rajadas no litoral, vão ficar entre 80 km/h e 100 km/h, isoladamente superiores. Florianópolis, Balneário Camboriú e Itajaí estão entre as cidades costeiras que podem ter forte ventania. Deve vcntar ainda muito forte a intensamente nos picos do Planalto Sul Catarinense e na Serra do Mar a Leste da Grande Florianópolis.

Já no litoral do Paraná, o vento pode atingir de 80 km/h a 100 km/h com rajadas em alguns pontos, especialmente perto da divisa com São Paulo, que devem ser superiores. Adverte-se que podem soprar fortes rajadas de vento, conforme alguns dados, também na área de Curitiba e sua região metropolitana. O tempo estará muito ventoso em trechos da Serra do Mar.

Vento atipicamente forte no Sudeste do Brasil

O litoral de São Paulo deve ser um dos mais atingidos pelo vento forte a intenso deste ciclone que vai se formar sobre o Atlântico. O centro de baixa pressão vai se aprofundar muito perto da faixa costeira, gerando rajadas de vento fortes a intensas por várias horas seguidas, sobretudo entre a tarde e noite desta quarta.

A ventania atinge no momento inicial nesta quarta-feira o litoral Sul paulista, depois a Baixada Santista e, por fim, as praias do Litoral Norte de São Paulo. Os dados indicam episódio de vento atipicamente forte na região e que o litoral paulista não está acostumado a enfrentar, uma vez que o posicionamento do ciclone se dará muito mais ao Norte que o habitual.

As rajadas de vento no litoral de São Paulo devem ficar entre 80 km/h em 100 km/h, mas em alguns pontos devem ser mais intensas. Em mar aberto, na costa, onde há grande movimento de navios pelo Porto de Santos, rajadas de 110 km/h a 130 km/h são possíveis, o que é pouco comum de se observar na área.

O vento forte, contudo, não vai se limitar ao litoral. Áreas mais distantes da costa também vão ter rajadas de vento fortes em alguns momentos. Mesmo a capital paulista e a Grande São Paulo pode ter ventania com rajadas de 70 km/h a 80 km/h da tarde para a noite da quarta-feira.

O campo de vento forte atingirá ainda o estado do Rio de Janeiro e não apenas na costa. Pode ventar muito forte na Costa Verde e na área da cidade do Rio de Janeiro com rajadas tão fortes quanto 70 km/h a 90 km/h, mas que em alguns pontos pelo efeito da topografia podem ficar ao redor de 100 km/h ou mais.

Rajadas de vento, muito intensas, acima de 100 km/h devem atingir algumas das plataformas de extração de petróleo da Petrobrás, nas costas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os modelos numéricos chegam a indicar para algumas das áreas das plataformas vento de 110 km/h a 130 km/h, o que pode acabar interferindo nas atividades e no tráfego aéreo que leva funcionários da empresa do mar para o continente e vice-versa.

O vento pode soprar muito forte ainda nas áreas de Serra, na Mantiqueira e na Serra do Mar, na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro e na Região Serrana do Rio de Janeiro. Nos picos mais altos da região, rajadas muito intensas acima de 120 km/h ou 130 km/h são possíveis. Até no Sul de Minas Gerais, em áreas de maior altitude, o vento pode soprar com rajadas fortes entre esta quarta e a quinta-feira.

Vento deve trazer transtornos e risco de danos

As velocidades de vento nas rajadas projetadas pelos ventos sugerem um alto risco de que a ventania traga transtornos e mesmo danos em diferentes localidades nas áreas de maior risco de vento forte entre Florianópolis e o litoral do Rio de Janeiro. Há risco, por exemplo, de queda de árvores e de postes, cortes de energia elétrica e menor de colapso de algumas estruturas como placas e destelhamentos.

Chama atenção neste episódio que, pela posição atipicamente mais ao Norte, os litorais de dois dos três estados mais populosos do país, no caso São Paulo e Rio de Janeiro, devem ser atingidos por ventania. Igualmente merece destaque que quatro capitais podem enfrentar vento com maior intensidade entre amanhã e quinta-feira, no caso Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.

Mar grosso, ondas altas e ressaca

Adverte-se para o risco de forte a significativa ressaca do mar na orla. Há possibilidade de erosão costeira e colapso de estruturas à beira-mar. Pessoas devem terminantemente evitar rochas na praia para observar a agitação do mar. Modelos de ondas projetam ondas de 5 a 6 metros nos litorais catarinense e paranaense com grade agitação do mar nas costas paulista e fluminense pelo swell do ciclone.

A Marinha do Brasil emitiu avisos de mar muito grosso para os litorais do Sul e do Sudeste com previsão de ondas de até 7 metros na costa do Sul e de 6 metros na costa da Região Sudeste com advertências ainda por vento muito forte a muito duro com força 9 a 10 na Escala Beaufort, o que equivale a rajadas próximas ou acima dos 100 km/h. A escala Beuafort vai até 12 e vento de força 10 é considerado de forte tempestade.

As águas, em alguns pontos, podem extrapolar a faixa de areia e adentrar ruas próximas da praia. O perigo de naufrágio será alto para pequenas ou médias embarcações que se aventurarem. Os portos de Santos, Paranaguá e Itajaí devem ser impactados pelo mar grosso que pode afetar ainda o transporte de barcas, como na Baixada Santista.