Episódio de chuva extrema atingirá parte do Sul do Brasil nos próximos dias e no decorrer da próxima semana. Será um evento de vários dias de precipitação e alguns com acumulados de chuva muito altos em apenas 24 horas, o que contribuirá para volumes extremos na soma de vários dias seguidos muito chuvosos.
O mapa mostra a projeção de chuva para os próximos sete dias do modelo meteorológico Icon, do serviço de Meteorologia da Alemanha (Deutscher Wetterdienst). Observa-se a tendência de acumulados significativamente altos a extremos nos setores Leste de Santa Catarina e Paraná.
Conforme a projeção do modelo Icon, que é corroborada por outros modelos de prognóstico que são utilizados pela MetSul Meteorologia, os volumes no Nordeste de Santa Catarina, no Leste do Paraná e em área mais ao Sul do estado de São Paulo, no Vale do Ribeira, poderão atingir marcas tão extremas como 200 mm a 300 mm com acumulados isoladamente maiores.
O modelo meteorológico europeu, por exemplo, projeta 280 mm nos próximos dez dias para a cidade de Joinville. Ontem, a mesma simulação, sinalizava ao redor de 300 mm. Ou seja, apesar de pequenas variações diárias para cima ou para baixo no indicativo de volumes, tem se mantido a tendência de acumulados extremamente altos.
A chuva ganha muita força nestas áreas para onde os modelos projetam altos acumulados no fim de semana e a instabilidade persiste ao menos até quarta ou quinta-feira da semana que vem. A chuva teria os maiores volumes em dois momentos. O primeiro, neste fim de semana, e o segundo em torno da próxima quarta-feira.
O cenário pode ser considerado muito preocupante pela enorme concordância dos modelos em torno de volumes extremamente altos de chuva. Algumas simulações chegam a projetar volumes ainda maiores que os modelos Icon e europeu para o Nordeste catarinense, o Leste do Paraná e o extremo Sul de São Paulo.
O mais agressivo dos modelos em suas projeções de chuva para este episódio o do serviço de Meteorologia do Canadá. Este modelo indica chuva de meses em dias nestas áreas. Como se vê no mapa, o modelo canadense projeta no acumulado de 400 mm a 500 mm para o extremo Nordeste de Santa Catarina e o Paraná na soma de dez dias até 3 de dezembro.
Chuva em Santa Catarina
O evento de chuva extrema nos próximos dias não será generalizado em Santa Catarina e deve afetar apenas parte do território catarinense. A tendência é de a chuva mais volumosa vir a se concentrar no Leste catarinense, mas, em particular, em área mais a Nordeste do estado.
Com isso, as áreas de Florianópolis para o Norte deverão concentrar os mais altos volumes de chuva nos próximos sete a dez dias. Os acumulados podem ser especialmente extremos nas áreas de Jaraguá do Sul, Joinville, Balneário Barra do Sul, São Francisco do Sul, Rio Negrinho, São Bento do Sul, Itapoá e Garuva.
Na área de Florianópolis, a chuva pode ser volumosa na soma dos próximos dez dias, mas sem acumulados tão extremos quanto se prevê mais ao Norte da costa catarinense. Serão dois os momentos de maior instabilidade na região da capital catarinense. Inicialmente, a chuva deve ser mais forte neste fim de semana em Florianópolis. No segundo momento, a chuva pode ser muito volumosa entre quarta e quinta da semana que vem.
Chuva no Paraná
Tal como em Santa Catarina, a chuva no Paraná pode ser excessiva a extrema apenas em áreas mais a Leste do estado. Isso inclui municípios como Matinhos, Paraná e Guaratuba, Morretes, Guaratuba e Antonina. A chuva deve ser extrema da região da Serra do Mar em direção à costa.
A chuva deve se intensificar muito nesta área do Paraná neste fim de semana e persistirá na maior parte da semana que vem com acumulados novamente muito altos ao redor da metade da próxima semana.
A cidade de Curitiba e sua região metropolitana, pelo seu posicionamento geográfico mais a Leste e junto à Serra do Mar, também podem ter volumes de chuva bastante elevados e com risco de transtornos. Os mais altos acumulados passam a ocorrer neste fim de semana e ao menos até quinta da semana que vem o tempo seguiria chuvoso com muitos períodos de chuva moderada a forte na região da capital paranaense.
O que agrava o risco de chuva extrema
Os acumulados em diversas cidades da costa e da Serra do Mar serão expressivos, totalizando marcas de meses em poucos dias e uma das razões será a orografia da região, ou seja, o relevo e como ele interage com fluxos de umidade na atmosfera vindos do quadrante Leste.
Umidade que vem do oceano, trazida por vento do quadrante Sul a Leste, em razão de uma massa de ar frio na costa ao encontrar a barreira do relevo da Serra ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa. Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo.
Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil com um histórico longo de situações de desastre por este tipo de precipitação.
Risco de transtornos e enchentes
É inevitável ante o cenário de chuva projetado pelos modelos numéricos que haja transtornos e perigo à população. Um deles inclui cheias de rios e, consequentemente, enchentes. Com acumulados de 300 mm a 500 mm em poucos dias, o risco é de grandes enchentes em algumas áreas.
A região do Nordeste catarinense, em especial do Vale do Rio Itajaí-Açu, é a que vai exigir mais atenção na condição hidrológica. Cidades como Rio do Sul e Blumenau deverão monitorar muito atentamento os avisos da Defesa Civil local.
É crítico ainda o risco de transbordamento de córregos e arroios por conta dos volumes altos somados de vários dias e episódios de chuva torrencial, afinal em vários momentos a chuva deve ser intensa com elevados acumulados de chuva em curto período.
A sucessão de dias de chuva volumosa e os acumulados extremos projetados pelos modelos farão o risco de deslizamentos críticos no Leste e Nordeste de Santa Catarina assim como no Leste do Paraná e extremo Sul de São Paulo.
O Nordeste catarinense, principalmente, terá maior risco de escorregamentos de encostas pelo relevo da região. São esperadas quedas de barreiras e é alta a probabilidade que o tráfego venha a ser afetado em algumas estradas com bloqueios parciais ou totais, seja por água acumulada ou deslizamentos.
Como consultar os mapas
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